segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

E CAIU O RESTAURANTE...

E CAIU O RESTAURANTE ...

Artigo não publicado na imprensa, no período do período 1994-2000, abordado no
tema de abertura do blog como “a época da Ditadura da Mídia”.


Não faz muito, ocorreu em Pelotas, o desabamento de um prédio onde funcionava um conhecido restaurante, que só não se transformou em uma enorme tragédia, por não ser hora de funcionamento.
O fato nos proporcionou a seguinte reflexão: - que, em nossa região, a maioria dos habitantes não pinta, não reforma, tampouco constrói novos prédios, só vão escorando, quando vê, estes caem.
Estes prédios escuros, mofados e quase caindo, provocam nas pessoas, desânimo e falta de entusiasmo, e em nada contribuem para movimentar a economia local. Não ganha com isto, o pintor, o pedreiro, o comerciário e nem o dono da loja de material de construção. Existem prédios incendiados, em pleno centro da cidade, há mais de vinte anos, que continuam somente no esqueleto carbonizado. Outras casas e sobrados velhos, tem suas portas e janelas obturadas com tijolos e lá permanecem à espera de valorização. Fechados também, ficam apartamentos no aguardo de alguém que pague aquilo que eles não valem, eis que um apartamento aqui, vale entre 1,5 a 2 vezes mais do que em Porto Alegre ou em qualquer outra cidade do Estado.
Todos sabemos, aqui o dinheiro só serve para especulação em aplicações financeiras, imobilizações improdutivas (terras, casas velhas e terrenos baldios), ou no comércio especulativo (imobiliárias, estacionamentos, revendas de automóveis usados etc.).
Temos questionado porque nossos poucos empreendedores não reaplicam os lucros obtidos na modernização dos seus próprios negócios. Vamos tomar como exemplo, o caso do profissional liberal que vai para o interior e começa a ganhar dinheiro no seu consultório ou escritório. Ao invés de reaplicar os lucros obtidos na modernização de suas clínicas ou em aquisições de aparelhagens mais sofisticadas (eletrocardiógrafos, tomógrafos computadorizados, fax, computadores etc.). Não! Compram terras e viram fazendeiros. Temos como exemplo, o acidente sofrido por um bancário de Pinheiro Machado, que resultou em uma luxação no braço, precisando fazer aplicações com raio infravermelho, tinha que se deslocar duas vezes por semana a Pelotas para realizar o tratamento, pois tal aparelho não existia em sua cidade, isto que o equipamento deve custar pouco mais de trezentos reais.
Do mesmo modo, o lucro destas atividades profissionais poderia ser investido na realização de viagens de estudo, seja em São Paulo, Estados Unidos ou na Europa. No entanto, isto também não ocorre, geralmente os fins-de-semana são dedicados a pescarias ou caçadas de tatu em Piratini.
Por fim, são tantos os exemplos, em todos os campos de negócios, que entendemos estar na hora de fazermos uma profunda reflexão como forma de sairmos do atraso em que nos encontramos, quando comparados com outras regiões. E se observarmos com atenção, sem o intuito de fazermos mau prenúncio, outros tantos prédios estão a ruir, como ocorreu com o restaurante.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

"QUEM VAI COLOCAR O GUISO NO GATO"

“QUEM VAI COLOCAR O GUISO NO GATO”

Texto escrito no ano de 1994 e não publicado, em face ao forte estímulo induzido ao PDV da época.


No complexo em que se movimenta a lavoura arrozeira existem diferentes interesses, quais sejam os dos produtores, dos proprietários das terras, dos políticos, dos agentes financeiros, dos engenhos, dos vendedores de máquinas e insumos agrícolas e dos trabalhadores rurais.
No entanto, verifica-se que todos estão querendo iludir a opinião pública e a si próprios, quando apontam que o maior problema é o endividamento do setor e quem tem que resolver o problema é o governo. Embora se saiba que, hoje, quem menos ganha é o produtor e o trabalhador rural.
Já é consenso no “agribusiness” orizícola, que dentre os principais problemas estão a monocultura, o alto custo do arrendamento e o elevado valor imobilizado em máquinas, silos e secadores. Porém, mesmo que sejam sabedores das reais dificuldades da lavoura orizícola, ninguém quer dizer ao orizicultor com receio de lhe provocar uma manifestação de desagrado: - o político não lhe diz ou por outra, incentiva manifestações como as de Arroio Grande, São Borja e mais recentemente em Esteio, com receio de perder votos; os técnicos não lhes dizem com receio de perderem os empregos ou as comissões de assistência técnica; o gerente do banco lhe dá mais dinheiro por que não quer perder o cliente; o proprietário das terras não reduz as taxas do arrendamento por não querer sair de sua cômoda e lucrativa posição; o vendedor empurra-lhe mais uma máquina por não querer perder o negócio.
Isto até está parecendo àquela história em que o gato estava dizimando a rataria do galpão e os ratos resolveram reunir o conselho, para encontrar uma solução para o terrível problema. Depois de acirrados debates, uma idéia logrou aprovação e comemoração geral: - Vamos colocar um guizo no pescoço do gato, pois que, quando ele se movimentar no seu canto, de pronto seremos alertados e ele não pegará ninguém. Mais tarde, após retornar a ordem na reunião, um rato mais sensato, perguntou: E a quem caberá a tarefa ?
Como na história, os riscos da lavoura de arroz, bem como as soluções de seus problemas deverão ser distribuídas entre todos que participam deste complexo.
Quem dirá ao setor orizícola que soluções milagrosas como a volta dos subsídios ou perdão de dívidas, por parte de um governo que tantos outros problemas tem a resolver, dificilmente irá ocorrer ? Ou será que o produtor é que irá se dar conta de seus reais problemas ?
Portanto, vamos todos, “guizos-à-obra”!

sábado, 10 de novembro de 2007

O TEMPO CERTO PARA A MUDANÇA

O TEMPO CERTO PARA A MUDANÇA

Artigo publicado no Informativo Rural Sul Agronegócios, no dia 20.04.1999
e assinado como aluno do curso MBA Agronegócios.

Toda atividade ou negócio necessita de correção no seu rumo ao longo do tempo. Tais ajustes podem ser influenciados por fatores internos ou externos (planos econômicos, surgimento de novas técnicas de produção, troca de comando na empresa, obsolescência de máquinas ou equipamentos etc.).
Qualquer uma destas situações obriga a tomada de uma decisão com maior ou menor rapidez, sob pena de ter-se a inviabilização econômica do negócio. Esta decisão tem um tempo certo para ser tomada ou “timing”, sendo que algumas devem ser extremamente rápidas ou até mesmo, antecipando-se à vista da iminência de ocorrer um fenômeno climático ou de uma provável medida econômica.
Imaginemos a situação de um empresário que produzia ou comercializava máquinas de escrever frente à chegada dos sistemas informatizados. Ou a situação daqueles que dependiam dos produtos importados frente a recente desvalorização cambial que já se vislumbrava.
Na agropecuária também não é diferente. Muitos são os fatores que passam a exigir do empresário, mudanças ou ajustes no seu agronegócio. Vejamos alguns exemplos: o surgimento dos métodos de cultivo de plantio direto, pré-germinado e de rotação de culturas do arroz com o milho, soja ou sorgo; a necessidade de redução dos custos dos fatores terra e água para os arrendatários; a introdução da fruticultura ou do florestamento nos campos altos; a parceria nos sistemas de secagem, armazenagem ou da colheita da produção. A modernização dos métodos de produção pecuária como o confinamento ou semi-confinamento; técnicas de reprodução animal; o recebimento do gado em pastagens por participação no ganho de peso; a visão da não imobilização do capital em investimentos fixos. Na comercialização da produção, também novos métodos como o Leilão Eletrônico; a CPR; Mercado Futuro e de Opções; e, a integração da produção com a indústria etc. Assim, como se vê, o agronegócio também possui uma dinâmica empresarial, que poderá ser maior ou menor, dependendo da visão do empresário agrícola, e que poderá ser influenciada pela sua capacidade empreendedora, visão de futuro, adaptação às mudanças e, por fim, o que chamamos o tempo certo para a tomada de decisão da mudança ou “timing".

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

"ME ENGANA QUE EU GOSTO"



“ME ENGANA QUE EU GOSTO”


Texto publicado no jornal DIÁRIO DA MANHÃ, de Pelotas-RS, em 10.06.1994, sob a chancela de Jone Tebar. tendo como fato auspicioso que, em 18 de outubro de 2006, a revista “VEJA” publicou em suas Páginas Amarelas, uma entrevista com o filósofo americano David Livingstone Smith, com o título “Engana que eu gosto”, com uma abordagem semelhante, confirmando a visão correta do articulista deste blog e abordada há mais de 10 anos antes.


Tem nos impressionado o poder de indução que a mídia, especialmente a eletrônica, vem provocando sobre o comportamento da população. Atualmente, como que obedecendo a uma ordem emanada da tela da TV, as pessoas consomem, ou agem, na razão direta do que as técnicas do marketing ou da psicologia de massas lhes determinam.
Senão, vejamos: - O locutor do telejornal da noite informa que vai ter um aumento de 20% no preço da gasolina à meia-noite. Muitos, como que autômatos, saem da frente da televisão, já de banho tomado e de pijamas e vão para longas filas dos postos de gasolina. Computando-se a distância percorrida até o posto e o risco de uma batida no liga-desliga do automóvel, em nada será recompensada a pretensa economia de meia-dúzia de vinténs que poderá haver.
No entanto, mesmo assim aqueles que não puderam ir, por uma razão ou por outra, sentir-se-ão os mais infelizes entre os mortais. Da mesma forma, isto se verifica com relação ao anúncio da promoção de cervejas em determinado supermercado, pois que chegam a acorrer pessoas de cidades vizinhas, com poucos vasilhames no porta-malas de seus veículos, porém convictas de que estão fazendo um grande negócio.
Os bingos eletrônicos e os sistemas de apostas pela televisão, acabaram transformando os balcões dos correios em sucursais destas organizações. Lá, formam-se intermináveis filas de pessoas humildes a tagarelar sobre as virtudes de um ou outro carnê e entregando-os nos guichês, como que estivessem cumprindo uma ardorosa missão.
A distribuição de prêmios nos anúncios da TV, em troca do tradicional “compre isto ou beba aquilo”, além do surpreendente aumento nas vendas, provoca uma verdadeira enxurrada de cartas a tais anunciantes, que já se contam por toneladas. Alguns anúncios podem ser considerados como uma verdadeira apelação, como o daquele comercial que diz assim: - Você ainda não tem a sua casa própria? Agora você vai ter! É só mandar uns rótulos de tal produto aqui para o programa, respondendo com quantas letras se escreve o seu nome, que você vai ganhar a sua casa própria! Tivemos a oportunidade de conhecer uma senhora, que comprava em caixas o produto que prometia a tão sonhada casa própria, ficava com os seus rótulos e distribuía o conteúdo entre as amigas, somente para poder concorrer “com mais chances” no sorteio.
Mas as técnicas do marketing não se dão somente pela televisão. Recentemente, uma corrente milionária empolgou um grande número de adeptos, desta vez das classes média e alta. Através de suas técnicas fanatizantes, fizeram com que seus seguidores acreditassem que vendendo detergente líquido concentrado e outras quinquilharias importadas, num trabalho de apenas duas horas por dia, estariam transformados em milionários ao cabo de um ano. E assim são os jogos de quadra, candidatos presidenciais, esportes automobilísticos, aplicações financeiras, músicos sertanejos, enfim, tudo é enlatado e vendido a um consumidor ávido e submisso a verdadeiros mercadores de ilusões. E ai de quem tentar alertá-los para que saiam do mundo da fantasia em que vivem e encarem a realidade de frente. No mínimo serão chamados de loucos, ultrapassados ou fora-de-moda.
Vejam, atualmente, os anúncios e reportagens sobre a Copa do Mundo de Futebol, pelo que se pode observar o Brasil nem precisará jogar, poderá até trazer o seu time de volta, eis que já o consideram tetra-campeão.
Quando o nosso povo se dará conta, que poderosos grupos de comunicação estão explorando a sua boa-fé, e que pouco estão se importando com o que irá ocorrer com suas frustrações, que mais tarde outros encontrarão novas formas de explorá-las.
Temos certeza de que preconizando realidades, ou formas concretas de solução para os problemas do dia-a-dia, não encontraremos quem nos ouça. Porém, se sairmos apregoando milagres ou vendendo cadeiras no Céu, encantaremos multidões.
Vamos ficar alertas, de modo que, em breve, possamos escrever um novo texto, só que desta vez com o título na forma que consideramos correta: “NÃO ME ENGANA QUE EU NÃO GOSTO”.

terça-feira, 30 de outubro de 2007

AS REAIS DIFICULDADES DA LAVOURA ARROZEIRA

AS REAIS DIFICULDADES DA LAVOURA ARROZEIRA

Artigo publicado no Diário da Manhã de Pelotas, em 28.05.1994,
elaborado pelo autor e assinado por João de Souza Ramos, na época
Coordenador do Sindicato dos Bancários de Pelotas.

Temos acompanhado a celeuma que tem se dado no meio da classe orizícola, sobre as dificuldades financeiras na condução da lavoura de arroz. Não temos dúvidas que tais dificuldades, caso não solucionadas deverão inviabilizar economicamente grande parte dos que labutam nesta atividade. No entanto, para nós, o problema da lavoura de arroz não se concentra nos ditos elevados encargos financeiros que, segundo alguns produtores, a cada cinco safra lhes toma uma.
Seguindo esta linha de raciocínio, iremos apontar alguns pontos agro-econômicos que, se resolvidos, trariam tranqüilidade a este segmento econômico e que dentre eles, seguramente, os relativos aos encargos financeiros dos financiamentos agrícolas são os menores.
Em primeiro lugar temos o preço do arrendamento das terras de arroz, que chegam às raias do absurdo, pois que seus preços variam entre 25% a 40% da produção obtida, já seca e limpa. Isto significa que o produtor, a cada duas ou três safras, canaliza uma para o dono da terra, que fica sem trabalhar e sem correr risco algum. Ainda nesta conta, podem ser debitados mais alguns pontos percentuais pelo fato do arrendamento, na maioria dos casos, se dar pelo prazo de apenas seis meses, quando novamente a terra é entregue ao proprietário. Caso fosse o arrendamento por cinco anos ou mais, outras atividades agropecuárias poderiam ser desenvolvidas de modo a permitir outros ingressos de renda na propriedade.
Outro segmento da atividade orizícola, que tem abocanhado uma parcela significativa da renda dos produtores, é o setor de beneficiamento e comercialização. Somente para a secagem são canalizados 8% da produção, sendo que deste item cerca de 5% saem diretamente do lucro do produtor. No entanto, na comercialização é que se esvai a maior fatia da renda do produtor, constituindo-se em outro dos seus algozes. Vejam só, na colheita o preço do saco de 50 kg fica em torno de US$ 7, já na entressafra, quando não está mais na mão do produtor, é comercializado a quase US$ 14. Assim, podemos dizer que cada safra que colhe, o produtor transfere outra igual para o “engenho”.
Mais um ponto que urge ser encarado de frente pelo setor orizícola é a questão da monocultura. A lavoura de arroz se movimenta do plantio a colheita, num período de seis meses, ficando os outros seis meses parada, sem nenhum ingresso de renda na propriedade. Neste longo período, continuam a correr os custos financeiros, depreciações, conservação de maquinários e com a manutenção da mão-de-obra ociosa, tudo isto ainda por conta da renda obtida no período agrícola anterior.
O último ponto que entendemos ser crucial na diminuição da lucratividade da lavoura arrozeira e que pode ser atribuído ao excessivo individualismo do produtor, é o elevado valor imobilizado em cada propriedade em silos, secadores, barragens, colheitadeiras etc., que chega a US$ 2500 por hectare. Cada produtor quer ter o ciclo completo da atividade. Nem é preciso dizer que num sistema de condomínio, consórcio ou cooperativado, em muito seria reduzido este valor.
Assim, acreditamos ter levantado algumas questões que não tem sido enfrentadas pelo setor orizícola, especialmente por suas lideranças, que de maneira equivocada, a nosso ver, conduzem o problema para o lado mais difícil, se não impossível de ser solucionado, que é o do custo do financiamento agrícola. Dos 12,5%, mais a TR, ao ano, que lhes são cobrados nos empréstimos agrícolas, 6% ao ano mais a TR, são pagos pelo agente financeiro ao poupador na Caderneta de Poupança – fonte do financiamento agrícola – que, acrescidos dos riscos e dos custos administrativos, pouco deve sobrar ao Banco. Por outro lado, o perdão da dívida dos 39% do Plano Collor, como quer as lideranças, fica mais difícil ainda, pois como eles, perderam também os poupadores, os assalariados, enfim, toda a sociedade brasileira. E por falar em sociedade brasileira, como esta sociedade também precisa destes 39%. Vejam os hospitais, as escolas e os miseráveis, que até já vivem dos lixões das grandes cidades.
Esperamos ter colaborado com este importante segmento da economia e lhes dizemos que é imperioso reconhecer que os tempos mudaram e que, seguramente não voltarão mais aqueles dos créditos fartos e subsidiados, que serviram para encobrir tanta ineficiência – ou se adequa a nova realidade ou pára.
Enfim, o quadro é este e pode ser constatado através de tantos arrozeiros que estão capitalizados e pagando suas contas em dia, sem depender da perversidade social da anistia de dívidas contraídas e que foram assumidas por conta e risco, próprias do livre mercado.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

A COMERCIALIZAÇÃO AGRÍCOLA NO TEMPO DO FIO-DE-BIGODE

A COMERCIALIZAÇÃO AGRÍCOLA NO TEMPO DO FIO-DE-BIGODE

Artigo publicado no Jornal Diário Popular de Pelotas-RS,
em 17.02.1993, sob Jone Tebar, Presidente da Associação
de Produtores Rurais da Florida-Canguçu-RS



Temos acompanhado com espanto a maneira como ainda se processa a comercialização dos produtos agrícolas na Zona Sul.
Como já estamos adentrando na época do agribussiness, do marketing, das telebolsas e das “safras e mercados”, é de se estranhar que na região, a comercialização agrícola se processa ainda como no tempo do fio-de-bigode.
No caso do pêssego, o produtor entrega a fruta na indústria sem nenhum recibo, contrato ou qualquer outro documento que lhe diga qual será o preço, o peso ou quando irá receber o resultado de sua safra. No contato com os persicultores, verificam-se que muitos ainda não receberam o dinheiro referente à safra passada, isto que a safra atual já está quase no seu final. No entanto, o mais incrível nisto tudo é que estes mesmos produtores, apesar de há anos sofrerem este tipo de exploração, não esboçam o menor sinal de reação, para corrigir de uma vez por todas esta situação. Antes, pelo contrário, passam à situação de conformidade, ou melhor, quando são instados a buscar a solução pela via jurídica, repelem de pronto: - Não! Se nós recorrermos à Justiça, não vamos ter a quem entregar a próxima safra. E aí passam a ficar credores, agora não mais de uma, mas de duas safras.
Por outro lado, também temos observado que este sistema de negociação não é privilégio apenas do pêssego, mas sim de todos os produtos agrícolas de nossa região (milho, cebola, arroz, batata etc).
Tivemos a oportunidade de observar ao longe, como se processa a fixação do preço do dia para a cebola em São José do Norte. Enquanto a cebola esquentava sob um sol de verão na Praça da Cebola, em cima de reboques de tratores ou pick-up Willys, sem nenhum tipo de classificação, já na mão de atravessadores, prepostos de atacadistas do Rio de Janeiro e Salvador, cheios de correntes e medalhões de ouro no peito, sentavam-se à mesa de um restaurante para o regabofe. Após algumas conversas entremeadas por garfadas, levantavam-se e dirigiam-se aos interessados que os aguardavam, dizendo que o preço da cebola naquele dia era só tal.
Este sistema arcaico de comercialização tem levado a reduzir drasticamente a renda dos produtores rurais. Ainda podemos citar os preços na época da colheita, que atinge valores irrisórios, como os do feijão, que na colheita em janeiro/92 era comercializado a Cr$12.000,00 por saco, e em novembro/92, na época de escassez era vendido a Cr$ 240.000,00 por saco. O milho, da mesma forma, na colheita, em abril/maio/92, valia, em nível de produtor, Cr$ 3.500,00/saco, e em novembro/92 já atingia Cr$80.000,00 por saco.
O arroz, embora sendo cultivado por produtores mais esclarecidos, também sofre do mesmo problema. . Vejamos o exemplo de um produtor, que mesmo tendo colhido 140 sacos por hectare, já seco e limpo, teve que desembolsar como custo da terra e água, limpeza, secagem e armazenagem 70 sacos por hectare. Como o custo dos insumos e práticas culturais também atingiu 70 sacos por hectare, acabou não lhe sobrando nada de uma excelente colheita.
Estes exemplos são ruins tanto para o comerciante industrial como para o produtor. Tais sistemas podem ser comparados ao do carrapato em cima do couro de boi magro, que de tanto sugá-lo acaba matando-o. Do mesmo modo no caso da produção agrícola da região sul, de tanto o comerciante ou o industrial sugar o produtor acaba mandando-o para a cidade, mas aí, com o tempo, o comerciante ou o industrial acaba também parando com o seu negócio. Ou, como já ouvimos dizer, “acabam matando a galinha dos ovos de ouro”.
Nos dias de hoje, já temos exemplos profícuos, como os da integração de suínos e aves em Santa Catarina e na região norte do Rio Grande do Sul, onde produtor e comerciante/industrial procuram modernizar as suas relações comerciais e de produção. No sistema integrado todos ganham, inclusive aumentam o seu potencial de competição, até junto ao mercado internacional. Outra alternativa é o sistema associativo, onde através da união dos produtores, estes podem chegar, por sua conta, ao beneficiamento e comercialização da produção.
Vamos, pois, produtores, comerciantes e industriais, espelhando-nos no tempo do fio-de-bigode, projetarmo-nos para o futuro.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

O NEGATIVISMO, O PESSIMISMO E A REGIÃO SUL

O NEGATIVISMO, O PESSIMISMO E A REGIÃO SUL

Artigo publicado no Diário da Manhã de Pelotas,
sob a chancela de Jone Tebar, em 29.12.1993


O estudo do atraso da Região Sul nos remete a adentrar na área do conhecimento humano, que estuda os aspectos culturais e a mentalidade dos seus habitantes.
No segmento agropecuário, não nos é possível entender como um proprietário rural, possuidor de 3.000 hectares de terras, não deseja a energia elétrica em seu estabelecimento, submetendo as privações a si e a sua família, deixando de aproveitar o conforto e as comodidades que o mundo atual oferece, vivendo pior que um proprietário de dez hectares na Serra Gaúcha. Todo o lucro que aufere na sua atividade agropastoril, investe em mais um pedaço de terra, sempre achando uma justificativa, que poderá ser: - Não podia perder, tem uma aguada muito boa! Era lindeiro! Tem uma sombra muito boa para o gado! E assim por diante. Por outro lado, por incrível que possa parecer, ao final de sua vida entra em um terrível conflito interior: - Está velho, não aproveitou a sua vida e se dá conta que não poderá levar consigo para a outra existência, toda aquela terra, que tanto lhe custou para acumular.
Do mesmo modo, verificamos que os moradores da região, são aficionados em Caderneta de Poupança ou outro ativo financeiro qualquer. Temos até nos questionado sobre o motivo que leva uma pessoa com mais de setenta anos a guardar o dinheiro para o futuro, privando-se do conforto, tratamento médico, viagens etc.
Já, os citadinos mais abastados, que não lhes é dado comprar terras, dedicam-se a comprar casas velhas, terrenos baldios ou sobrados do século passado.
As indústrias, por falta de tecnologia, tornam-se obsoletas e acabam inviabilizando-se, exatamente pela falta de modernização.
De técnicos a região não precisa, tanto que, cerca de 80% dos que aqui se formam vão trabalhar em outros centros, ou ficam desempregados. Não que não tenha o que ser feito por aqui, mas por que a região não acredita nos seus conhecimentos: – o meu pai já fazia assim.
Isto tudo nos leva a crer que estas pessoas compõem um pensamento majoritário na região, que têm medo do futuro. Tudo o que tem pela frente lhes assusta, isto é, querem segurança. Dizem-nos assim: - o seguro morreu de velho e assim mesmo se foi! Ou ainda, por pior que sejam os cômodos da gente, sempre são melhores que os dos outros.
Assim podemos afirmar que qualquer um que tenha uma idéia nova neste meio, seja ela qual for: - abrir uma malharia, uma padaria, fazer uma viagem etc, imediatamente são rechaçados por centenas de pessimistas, que lhes dizem: - Isto não vai dar certo! Cuidado, vais dar com os burros n’água! Olha, os seus filhos vão acabar passando fome, depois! Você é louco! Isto é coisa de comunista! Lógico que esta idéia acaba sucumbindo, pois, por ser nova, ela é tênue e ainda falta a plena convicção do indivíduo que, mediante tamanha pressão negativa, acaba não resistindo. Até podemos dizer que isto nada mais é que uma “explicação científica” para o que popularmente se chama “olho grosso, olho gordo ou mau olhado”.
Isto que aqui ocorre, é muito diferente daquilo que se verifica na Serra Gaúcha, em Santa Catarina ou no Paraná, aonde a maioria das pessoas são otimistas, mais dinâmicas ou dotadas de maior entusiasmo. Lá, se aparece uma idéia nova, ao contrário daqui, surge mais de uma centena de pessoas para darem apoio e respaldarem a iniciativa.
Para comprovar os fatos levantados neste texto, nada mais justo do que relatar um, coletado no dia-a-dia, que mesmo sendo triste, ilustra bem o efeito do negativismo sobre o ânimo das pessoas, como vemos a seguir:
- “Este fato se deu com um microempresário de uma serralheria, exímio fabricante de esquadrias metálicas e que, como todo o empresário, sonha em ter um crescimento em seu negócio, até quem sabe transformá-lo em uma grande empresa metalúrgica. Com este objetivo, em sendo um sujeito dinâmico, resolveu visitar o Estado do Tocantins, que está em fase de pleno desenvolvimento e que o encantou sobremaneira. De lá voltou cheio de planos, mudar-se para aquele lugar, começar pequeno e futuramente ter a sua grande metalúrgica. Andou falando por aqui dos seus planos e os amigos foram o desaconselhando, pois que ele iria entrar numa fria, que iria se dar mal etc., que acabou desistindo de sua idéia de transferir-se com toda a sua maquinaria para o Tocantins. Agora, já convencido de que de fato deveria ficar com o seu pequeno negócio, passou a explicar a sua atitude da seguinte forma: - Não posso ir! Devo matar o meu sonho de transformar-me em um grande empresário. Tenho que saber que todos os dias pela manhã, vou abrir minha oficina, vou preparar meu chimarrão e saber que, naquele dia, vai entrar um cliente e me encomendar uma porta de ferro. No dia seguinte, da mesma forma, virá mais um cliente e pedirá para reformar uma janela velha e assim, neste ritmo, serão todos os dias da minha existência”.
Entendemos que ao adotar esta forma resignada de pensar, este pequeno empresário, ainda jovem, estava condenando-se a tornar-se um morto-vivo que, como uma alma penada, vagaria como um zumbi, sem mais nenhuma perspectiva no horizonte de sua vida.
Como vemos, só resta aos nossos poucos idealistas e inovadores da região, entrar no esquema de acomodação ou irem-se embora. No entanto, se por qualquer motivo, estiverem impedidos desta primeira alternativa, não devem perder as esperanças, pois “não está morto quem peleia, dizia uma ovelha no meio de oitenta cachorros”. Devem reunir forças, redobrar o entusiasmo, bater com os dedos por três vezes na madeira e seguir com a idéia em frente, pois que, se não tentarem, jamais ficarão sabendo se os sonhos iriam se realizar, ou se de fato, iriam dar com os burros n’água.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Os pequenos agricultores, os fazendeiros e a Zona Sul do RS

Artigo publicado em 27.08.1992
Diário Popular - Pelotas-RS
Jone Tebar – Engenheiro Agrônomo

Os pequenos agricultores, os fazendeiros e a sociedade urbana da Zona Sul do RS

O estudo em referência parte da análise dos costumes e aspirações dos fazendeiros, grandes proprietários rurais da Zona Sul do Rio Grande do Sul, onde se verifica que os mesmos têm anseios ou necessidades de consumo bastante simples, confrontando com os produtos e serviços colocados à disposição dos consumidores nos tempos atuais.
No que se refere aos métodos de produção para a pecuária de corte, atividade principal desta categoria de produtores, temos também que esta também se processa sob métodos rudimentares, empíricos e atávicos, como exemplo, temos: a) a não priorização do conforto na propriedade rural, tal como a residência, a energia elétrica, o telefone ou as demais instalações rurais; b) o uso de sistemas extensivos de produção: - aramados antigos ou de baixa qualidade; não utilização de pastagens cultivadas; não utilização de raças melhoradas etc.
Esta negação aos “tempos modernos”, tem em contrapartida a existência de uma solidez econômica, com um polpudo saldo em caderneta de poupança e um vasto patrimônio em terras, que a cada ano procura aumentar.
O nível cultural do fazendeiro também é baixo, haja vista não ser afeito a leituras ou viagens de estudo ou turismo. Por outro lado, o tamanho da propriedade lhe confere um poder político sem igual, quase sempre ligado aos partidos conservadores, e que passam a ser respeitados em seu meio pela extraordinária capacidade de acumular bens e realizar bons negócios devido ao seu alto poder de barganha.
Resumindo, seu hobby é comprar campo e seu lado conservador resiste às mudanças ou técnicas novas, que exijam maiores dispêndios ou esforços mentais.
Na região colonial, nas áreas próximas das grandes fazendas, temos os pequenos proprietários e os sem-terras, que possuem hábitos, costumes e aspirações influenciados pelos fazendeiros. É comum ver-se propriedades de até 40 hectares, dedicando-se a criação de ovinos e bovinos de corte, ao invés dos produtos típicos da pequena propriedade como suínos, aves, hortigranjeiros ou bovinos de leite. Tal categoria de produtores, não obstante a dificuldade financeira que atravessam, possuem o mesmo nível cultural, a aversão às mudanças ou técnicas novas de cultivo ou criação e a mesma visão conservadora do fazendeiro.
O estudo propõe que as duas categorias de produtores não diferem entre si nos diferentes aspectos que possam ser analisados, especialmente o do nível cultural, pois a visão de ambos é a mesma. Trazendo à luz o caso da reforma agrária, tem-se que o tema é renegado tanto pelo latifundiário como pelo pequeno produtor sem-terra. Para ambos, o sonho é o mesmo: - Comprar terra. Só que para o latifundiário este sonho é factível e a cada ano acrescenta mais algumas centenas de hectares ao seu patrimônio, deixando de usufruir o seu capital em conforto (melhorias na residência, ar condicionado, antena parabólica, telefone, viagens etc.), ou em investimentos para melhorar a produtividade, para imobilizá-lo na aquisição de mais terras. Para estes, o que lhes confere status e poder político é a quantidade de terras que possuem, mesmo estando ociosas. Já, os sem-terras ou pequenos produtores, têm a mesma visão de comprar terras. Quando estes são instados a opinar sobre reforma agrária, imediatamente rechaçam: - “Terra de graça, não quero”!
Então, latifundiários e pequenos agricultores vêem a terra apenas como um bem imóvel e não como um meio de produção.
Como as cidades da Zona Sul, têm na atividade agropecuária a sua principal fonte de renda, os componentes da sociedade urbana (professores, bancários, agrônomos, veterinários, advogados etc.), são fortemente influenciados pelo pensamento conservador dos produtores rurais. Já se têm exemplos de técnicos, que de tanto conviver com este meio retrógrado estão a negar a própria ciência. Senão, vejamos o exemplo da eletrificação rural, que de tanto ser apregoada pelo técnico e ter a sua aceitação rejeitada pelo agropecuarista, sob os mais diferentes argumentos: - “Não preciso, me criei sem isto”! “Vai custar caro”! “Isto é capaz de dar uma chispa e pegar fogo na casa”! – que os técnicos também desistem de apregoar a sua utilidade, só que a partir de então, sob um novo argumento: - “O colono não precisa de energia elétrica, pois se tiver este melhoramento vai querer ver televisão e não vai querer trabalhar”!
Os industriais também não fogem à regra, vejamos o da indústria do pêssego, onde a pessoa jurídica apresenta um parque industrial praticamente obsoleto, com os mesmos equipamentos e produtos finais de 30 anos atrás, já a pessoa física é detentora de 150 imóveis, inclusive alguns de massas falidas de outros que incorreram no mesmo erro da falta de modernização industrial.
Outros exemplos poderiam ser tomados, no entanto, todos seguindo na mesma direção. Tais fatos têm prejudicado sobremaneira o desenvolvimento da Zona Sul, haja vista haver fazendas com 20.000 hectares com apenas quatro empregados. Ou até mesmo, o choque cultural em que se vêem os próprios filhos dos fazendeiros, que depois de formados, ficam obrigados a obterem empregos de balconistas por não encontrarem espaço ou ambiente de trabalho, não obstante a enorme área das fazendas de seus progenitores.

domingo, 23 de setembro de 2007

TEMA DE ABERTURA DO BLOG

TEMA DE ABERTURA

Este blog é uma criação e uma especial deferência do Jornalista Daniel Barbosa Cassol, meu dileto sobrinho, que propicia o prosseguimento da divulgação dos temas que venho registrando ao longo de minha carreira profissional, em um moderno meio de comunicação, a rede mundial de computadores.
Tenho procurado registrar o conhecimento que venho acumulando em minha carreira profissional, sendo que ele foi obtido na maioria das vezes, através do contato direto com a situação problema, pois é característica minha, estar sempre em contato direto com os diferentes agentes que fazem a agropecuária acontecer.
Esta característica foi adquirida através da função de Extensionista Rural, que exerci nos primeiros seis anos na Ascar/Emater do Rio Grande do Sul e segue outro paradigma que tenho procurado manter, ou seja: o conhecimento não deve ser adquirido e guardado em uma gaveta, mas pelo caráter público que ele foi moldado, deve ser utilizado em benefício do desenvolvimento do Brasil e dos brasileiros.
Passo a apresentar o titular do Blog, por uma lente à distância, solicitando escusas ao vernáculo:
José Nei Telesca Barbosa, é natural de Canguçu, Rio Grande do Sul, juntamente com os outros quatro irmãos, Milton, Glória, Júlio e Adalberto, é filho do agricultor da Florida, 2º subdistrito, Sr. José Corrêa Barbosa e da dona-de-casa, Sra. Marina Telesca Barbosa. Cursou o primeiro e o segundo ano primário no Grupo Escolar “Irmãos Andradas”, na sede do município. No ano de 1959, pela necessidade dos irmãos mais velhos buscarem outros educandários, o pai já tendo percebido o futuro na educação, transferiu a família para a cidade de Pelotas, onde concluiu o curso primário no Grupo Escolar “Cassiano do Nascimento”. Vem desse período, uma honraria que mais valoriza até os dias de hoje, a escolha nos três anos consecutivos, em eleição na sala-de-aula, do título de melhor companheiro da turma, prêmio conferido pelo Rotary Clube de Pelotas. Gosta de referir que o grupo escolar, na época era recém inaugurado e contava com auditório e ginásio de esportes, mostrando a valorização que era dada a educação pública da época. As mesmas condições tinham os colégios de seus irmãos, a Escola Normal “Assis Brasil” e a Escola Técnica Federal de Pelotas, bem como muitas outras, mesmo municipais, como o Colégio Municipal Pelotense.
Após a conclusão do curso primário, prestou exame de admissão para o Colégio Agrícola “Visconde da Graça” - CAVG, onde fez o ginásio agrícola, o Mestria Agrícola e o Técnico Agrícola, e que possuía grandes mestres, sendo lembrados, na área agrícola, os professores José Carlos, Ruymar, Pereló, Wilson, Aníbal, dentre tantos outros.
Como a maioria dos colegas, prestou vestibular para a Faculdade de Agronomia “Eliseu Maciel” da Universidade Federal de Pelotas, onde se formou em 1975.
Prestou concurso para a ASCAR/EMATER/RS, onde exerceu a atividade de Extensionista Rural, no período de 1975 à 1981 em Serafina Corrêa, Nova Prata e Caxias do Sul. Em 1981, através de concurso, assumiu a função de Analista de Crédito Rural do Banco do Brasil S/A, nas agências de Santa Cruz-RN, Caçador-SC e em Pelotas-RS onde está, já há 20 anos.

No ano de 1998 graduou-se em Direito pela Faculdade de Direito de Pelotas-RS e no ano 2.000 concluiu a Especialização em Agronegócios no MBA em Gestão Empresarial com Ênfase em Agronegócios pela UFRGS/UFPel.
Quando de seu retorno a Pelotas, no contato com a sua terra natal, pode ver as diferenças de desenvolvimento entre as regiões por onde andou, especialmente Santa Catarina e a Serra Gaúcha, levando-o a se engajar em frentes de desenvolvimento. Fundou a Associação dos Produtores Rurais da Florida e, conjuntamente com o Eraldo Carvalho, Delair Radtke, Ivo Scheunemann, Cléo Ferreira e João....., fundaram a União das Associações Comunitária de Canguçu – UNAIC.
Militou em Pelotas no movimento da chapa de oposição ao Sindicato dos Bancários de Pelotas, que saiu vitoriosa e, por três vêzes frustradas, na oposição da Associação dos Engenheiros Agrônomos de Pelotas, além de outras duas tentativas frustradas, da oposição ao Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Canguçu. Tanta participação, além dos poucos resultados favoráveis, mas muitos líderes formados, lhe rendeu, em 1989, a indicação para participar da nominata à Assembléia Legislativa, que elegeu o Dr. Alceu Collares, Governador do Estado. A chapa vitoriosa defendeu as idéias do Engº Leonel de Moura Brizola, seu líder maior, desde os tempos de guri, na Florida, onde se criou acompanhando suas palestras, nos rádios de aerodínamo na casa de vizinhos, às sextas-feiras, na rádio Farroupilha.
O período que vem atuando na Zona Sul do Rio Grande do Sul, onde viaja pelos municípios de Capão do Leão, Pedro Osório, Arroio Grande, Jaguarão e Herval, permitiu conhecer a fundo a problemática da lavoura arrozeira, daí advindo a publicação de tantos textos sobre o tema.
Todo conhecimento acumulado, através do sem número de reuniões e visitas que participou, resolveu registrar em textos publicados em jornais e revistas, porém, como no início da década de 90 ainda se vivia o resquício do autoritarismo, resolveu publicar seus artigos através do pseudônimo Jone Tebar. Jone Tebar já era conhecido e esperadas às suas publicações, até que, com a entrada do Plano Real, em que houve a ditadura da mídia, onde se criou o pensamento único e quem contestava seus dogmas era rotulado de “velho, ultrapassado e fora de moda” e estava sujeito a ser induzido a optar pelos PDV’s da época. Com isso, o juízo falando mais alto José Nei viu-se obrigado a aposentar o Jone Tebar.
O curso MBA em Agronegócios, foi importante para testar os temas já estudados junto aos grandes mestres da UFRGS, que ministraram o curso, além de propiciar o aprofundamento das questões levantadas à campo.
Nas questões do cotidiano, tema estudado em 1994, com a publicação do tema “Me engana que eu gosto”, já via o avanço das empresas sobre o consumidor, iludindo-o, tonteando-o com propagandas falsas e enganosas, fazendo com que 95% da população passasse a acreditar em contos da carrochinha ou no canto da sereia.
Recentemente, com a perda no fatídico vôo 3054, em que perdeu sua querida sobrinha, a cientista em oncologia, de renome mundial, Drª. Lina Barbosa Cassol, num acidente que mostrou o grau de corrupção pública e privada em que se arrasta o país, há décadas, resolve também aprofundar-se nas questões relacionadas aos Direitos Constitucionais do Cidadão.
Têm verificado e dito, que entre os limites da Ética e do Estelionato, não há uma linha demarcatória como num campo de futebol, onde ultrapassando uma das quatro linhas, há um juiz que apita a falta e, dependendo do grau desta infração poderá até expulsar o infrator.
No caso do desastre aviatório, a ganância em busca do lucro em 1º lugar, como o primeiro princípio da empresa TAM, muito bem assinalado no artigo do Jornalista Daniel Barbosa Cassol, em Zero Hora de 31.07.2007, ultrapassou o campo da ética dos contratos civis, também a esfera penal do estelionato (CP171) e aterrissou no crime de homicídio (CP 121), havendo de ser decidido apenas, se culposo ou doloso.
Claro está, que em função da época em que foi organizado o Código Penal Brasileiro, 1940, a maioria das atuais figuras delituosas não existiam em vista do pequeno avanço econômico e comercial da época. Então, hoje é importante retomar a figura da autoridade pública, sem confundir com o autoritarismo, diante do fracasso total deste e das atuais agências privadas de regulação, sejam de estradas, telecomunicações, energia etc. Urge pois, o posicionamento firme dos 5% restante da população consciente e das promotorias públicas, repelindo de plano as palavras enfeitadas dos marqueteiros, indo ao âmago do problema culminando com a responsabilização penal dos faltosos.
Este blog, também conterá outros textos, cuja linha de pensamento consubstancie o que está sendo dito por José Nei Telesca Barbosa, com as fontes devidamente identificadas.
Por fim agradece a todos, que de uma forma ou de outra, incentivaram as reflexões, ou mesmo que se contrapuseram às suas teses, oportunidade que o obrigou a perseverar, fato que lhe é nato, ao velho estilo brizolista, e que o tempo mostrou que tinha razão, embora os votos fiquem com os oportunistas e aproveitadores da boa fé e dos imediatistas. Aos familiares, pela paciência e carinho com o convívio diário com o tema. Em especial, aos colegas bancários, o Cientista Social João Batista Rocha e o mestre em informática, Nelson Isquierdo, pelos ensinamentos que lhe prestaram para a evolução no uso da computação em suas múltiplas possibilidades. Saúda os visitantes e coloca-se a disposição para a troca de informações, bem como está disponível para palestras sobre os temas que estão relacionados no Blog.

UM GRANDE ABRAÇO A TODOS !