“QUEM VAI COLOCAR O GUISO NO GATO”
Texto escrito no ano de 1994 e não publicado, em face ao forte estímulo induzido ao PDV da época.
No complexo em que se movimenta a lavoura arrozeira existem diferentes interesses, quais sejam os dos produtores, dos proprietários das terras, dos políticos, dos agentes financeiros, dos engenhos, dos vendedores de máquinas e insumos agrícolas e dos trabalhadores rurais.
No entanto, verifica-se que todos estão querendo iludir a opinião pública e a si próprios, quando apontam que o maior problema é o endividamento do setor e quem tem que resolver o problema é o governo. Embora se saiba que, hoje, quem menos ganha é o produtor e o trabalhador rural.
Já é consenso no “agribusiness” orizícola, que dentre os principais problemas estão a monocultura, o alto custo do arrendamento e o elevado valor imobilizado em máquinas, silos e secadores. Porém, mesmo que sejam sabedores das reais dificuldades da lavoura orizícola, ninguém quer dizer ao orizicultor com receio de lhe provocar uma manifestação de desagrado: - o político não lhe diz ou por outra, incentiva manifestações como as de Arroio Grande, São Borja e mais recentemente em Esteio, com receio de perder votos; os técnicos não lhes dizem com receio de perderem os empregos ou as comissões de assistência técnica; o gerente do banco lhe dá mais dinheiro por que não quer perder o cliente; o proprietário das terras não reduz as taxas do arrendamento por não querer sair de sua cômoda e lucrativa posição; o vendedor empurra-lhe mais uma máquina por não querer perder o negócio.
Isto até está parecendo àquela história em que o gato estava dizimando a rataria do galpão e os ratos resolveram reunir o conselho, para encontrar uma solução para o terrível problema. Depois de acirrados debates, uma idéia logrou aprovação e comemoração geral: - Vamos colocar um guizo no pescoço do gato, pois que, quando ele se movimentar no seu canto, de pronto seremos alertados e ele não pegará ninguém. Mais tarde, após retornar a ordem na reunião, um rato mais sensato, perguntou: E a quem caberá a tarefa ?
Como na história, os riscos da lavoura de arroz, bem como as soluções de seus problemas deverão ser distribuídas entre todos que participam deste complexo.
Quem dirá ao setor orizícola que soluções milagrosas como a volta dos subsídios ou perdão de dívidas, por parte de um governo que tantos outros problemas tem a resolver, dificilmente irá ocorrer ? Ou será que o produtor é que irá se dar conta de seus reais problemas ?
Portanto, vamos todos, “guizos-à-obra”!
Texto escrito no ano de 1994 e não publicado, em face ao forte estímulo induzido ao PDV da época.
No complexo em que se movimenta a lavoura arrozeira existem diferentes interesses, quais sejam os dos produtores, dos proprietários das terras, dos políticos, dos agentes financeiros, dos engenhos, dos vendedores de máquinas e insumos agrícolas e dos trabalhadores rurais.
No entanto, verifica-se que todos estão querendo iludir a opinião pública e a si próprios, quando apontam que o maior problema é o endividamento do setor e quem tem que resolver o problema é o governo. Embora se saiba que, hoje, quem menos ganha é o produtor e o trabalhador rural.
Já é consenso no “agribusiness” orizícola, que dentre os principais problemas estão a monocultura, o alto custo do arrendamento e o elevado valor imobilizado em máquinas, silos e secadores. Porém, mesmo que sejam sabedores das reais dificuldades da lavoura orizícola, ninguém quer dizer ao orizicultor com receio de lhe provocar uma manifestação de desagrado: - o político não lhe diz ou por outra, incentiva manifestações como as de Arroio Grande, São Borja e mais recentemente em Esteio, com receio de perder votos; os técnicos não lhes dizem com receio de perderem os empregos ou as comissões de assistência técnica; o gerente do banco lhe dá mais dinheiro por que não quer perder o cliente; o proprietário das terras não reduz as taxas do arrendamento por não querer sair de sua cômoda e lucrativa posição; o vendedor empurra-lhe mais uma máquina por não querer perder o negócio.
Isto até está parecendo àquela história em que o gato estava dizimando a rataria do galpão e os ratos resolveram reunir o conselho, para encontrar uma solução para o terrível problema. Depois de acirrados debates, uma idéia logrou aprovação e comemoração geral: - Vamos colocar um guizo no pescoço do gato, pois que, quando ele se movimentar no seu canto, de pronto seremos alertados e ele não pegará ninguém. Mais tarde, após retornar a ordem na reunião, um rato mais sensato, perguntou: E a quem caberá a tarefa ?
Como na história, os riscos da lavoura de arroz, bem como as soluções de seus problemas deverão ser distribuídas entre todos que participam deste complexo.
Quem dirá ao setor orizícola que soluções milagrosas como a volta dos subsídios ou perdão de dívidas, por parte de um governo que tantos outros problemas tem a resolver, dificilmente irá ocorrer ? Ou será que o produtor é que irá se dar conta de seus reais problemas ?
Portanto, vamos todos, “guizos-à-obra”!
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