quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Resposta ao Sr. Oscar,


(Referente a sua indagação na www.planetaarroz.com.br)

Sr. Oscar,

Importante o seu interesse pelo tema "arroz na raçao animal", assim como as orientações do Dr. Caio. Encaminho o link abaixo que trata do assunto já com resultados práticos para bovinos de corte:

www.estanciaguatambu.com.br/php/noticia.php?idnoticia=441

Também o Dr. Jorge Schafhäuser Jr. da EMBRAPA/CPACT possui trabalhos em andamento e, certamente, terá o maior interesse em prestar-lhe informações sobre as pesquisas em andamento pelo telefone 53-3275-8400

O IRGA também poderá auxiliá-lo em mais informações.

No caso de suínos e aves há um trabalho da Universidade Federal de Viçosa que poderei lhe repassar por e-mail - remeta-o para jntb@via-rs.net

Atenciosamente.

José Nei

domingo, 14 de agosto de 2011

O seu boi já comeu arroz hoje?

O seu boi já comeu arroz hoje?

Em algumas regiões da Ásia o consumo de arroz é tão popular, que as pessoas costumam se cumprimentar dizendo: “Você já comeu o seu arroz hoje?”, o equivalente ao nosso “Tudo bem?”. No Brasil, o arroz já teve um consumo mais elevado, sendo que a maioria das famílias da minha geração foi criada com o saboroso “arroz com feijão”.
No entanto, nestes últimos anos, o Brasil desenvolveu um crescimento econômico de tal forma que resultou em um significativo aumento na renda das famílias. Com maior poder aquisitivo, as pessoas alteraram uma série de hábitos fazendo com que o consumo do arroz decrescesse significativamente. Não bastasse isso, muito se aprimorou as técnicas de cultivo do arroz e pouco foram trabalhadas alternativas de consumo, o que resultou num grande excedente de produção.
No município de Dom Pedrito-RS, região com pequena produção de milho, um produtor de arroz e pecuarista, para atender compromisso de entrega de animais prontos em um período que a região atravessava forte estiagem, resolveu racionar seus animais com uma dieta composta com arroz em casca. O trabalho foi assessorado por especialistas em nutrição animal e apresentou excelentes resultados e teve ampla divulgação em seminários e na mídia especializada.
Num primeiro momento a informação causou grande impacto, pois se dava a quebra de um paradigma que tira a visão de um produto sempre direcionado à “panela” e que passa a ser redirecionado para o “cocho” animal. O “quadrado” em que moldamos o nosso pensamento teve uma dificuldade inicial muito intensa de aceitar esta inovação, pois se tem que o arroz é um produto nobre e deve ser direcionado para a alimentação humana. Agora, já fora do “quadrado” cabe-nos ver o arroz compondo a ração animal. E que, o que temos que enxergar, é que o arroz tendo este novo uso, resultará em um produto também nobre e mais valorizado, que é a carne. E a carne atinge um consumidor com maior renda e sedento por proteína animal.
Além do uso do arroz para a alimentação de bovinos, já está confirmada por pesquisas existentes a possibilidade de entrar na composição da ração de suínos e aves.
O simples cálculo comparativo com o saco de milho não é suficiente para que o produtor consiga vencer este dilema e passe a adotar esta nova ferramenta. O fato do saco de arroz ter 20% a menos de peso que o saco de milho e com isso teria que ter uma diferença de 20% a menos no preço, não é indicativo necessário e suficiente para ver se o negócio é compensador. Há outros raciocínios não meramente matemáticos que irão estimular o produtor a usar o arroz para o arraçoamento dos animais, tais como:
- O uso do arroz desvalorizado na ração de bovinos de corte é compensado pelo excelente preço alcançado pelos animais no momento da venda;
- Normalmente, as granjas de arroz não produzem milho para a suplementação alimentar da pecuária de corte;
- Nos períodos de inverno, as vacas de cria e os terneiros sofrem uma enorme perda de peso em decorrência da escassez de alimentos, chegando estes últimos a retardar em um ano o seu tempo de abate;
- O arroz de menor rendimento de engenho, que possui baixa cotação no mercado sofre altos descontos na hora da comercialização, é submetido a parboilização e tem recuperado o seu maior valor, só que agora já na mão do engenho. Este “novo arroz” acaba concorrendo com o produto de melhor qualidade que ficou com o produtor.
- O arroz quando destinado ao consumo animal acaba sendo retirado do mercado, contribuindo para o controle da oferta e valorizando o produto ainda no estoque do produtor;
- Com a destinação do arroz para a ração animal será reduzido o alto custo governamental com o pagamento de subvenções de prêmios para o escoamento da produção;
- Também diminuirá o alto custo com o aluguel de depósitos pela CONAB para o armazenamento do arroz, que hoje chega a R$0,26/mensal por saco depositado;
- Reduzirá as perdas de qualidade do arroz nos armazéns, visto que alguns permanecem já por mais de quatro anos estocado;
- Não há necessidade de políticas públicas para o uso do arroz na ração animal, basta apenas uma atitude dos produtores na alimentação do seu gado ou através da parceria com outros criadores;
- Com essa nova destinação dada ao arroz será possível prosseguir na busca do aumento da produtividade e da produção e ter-se o pleno aproveitamento das várzeas com o plantio do cereal, já que haverá uma nova demanda por arroz.

Para que o propósito seja alcançado é necessária uma grande e “difícil” mudança no comportamento do produtor, que até então vinha direcionando o seu produto apenas para o engenho e, agora, também deverá levá-lo também na direção dos seus potreiros.
Esta é mais uma das tantas alternativas que já foram sugeridas!
Tudo bem? Já deu arroz para o seu boi hoje?

terça-feira, 2 de agosto de 2011

ATA da Câmara Setorial do Arroz do RS


1 Porto Alegre, 19 de abril de 2011
2
3 Reunião Ordinária da Câmara Setorial do Arroz do Rio Grande do Sul
4 Ata nº 01
5
6 Aos dezenove dias do mês de abril do ano de dois mil e onze, às quatorze horas,
7 iniciou-se a Reunião Ordinária da Câmara Setorial do Arroz, realizada na Sede do
8 Instituto Rio Grandense do Arroz, para apresentação das demandas dos Grupos
9 de Trabalho da referida Câmara Setorial. Foram convidados a compor a mesa os
10 Srs. Luiz Fernando Mainardi, Secretário da Agricultura, Pecuária e Agronegócios,
11 Cláudio Fernando Brayer Pereira, Presidente do IRGA, Marcio Pestana, Diretor do
12 Departamento de Fomento e Desenvolvimento Agropecuário, André Barretto,
13 Presidente da FEARROZ e o Sr. Renato Rocha, Presidente da FEDERARROZ.
14 André Barretto – Presidente da FEARROZ – Cumprimentou o Secretário e o
15 Governo do Estado pela iniciativa de reativar a Câmara Setorial do Arroz e disse
16 ao Presidente do IRGA que a FEARROZ estará participando ativamente das
17 ações dessa Câmara Setorial. Renato Rocha – Presidente da FEDERARROZ –
18 Disse que a FEDERARROZ vê com bons olhos a reativação da Câmara. Pensa
19 que se essa reativação tiver por objetivo extrair de cada reunião uma pauta de
20 pleitos emergenciais, que devem ser equacionados o mais rápido possível para
21 reverter a crise, ela tem um fundamento, uma importância muito grande. E falou
22 também sobre a importância do apoio do Governo no momento de crise que está
23 abalando consideravelmente o setor. Cláudio Fernando Brayer Pereira –
24 Presidente do IRGA salienta que a Câmara é um ponto de convergência de vários
25 atores de uma cadeia produtiva extremamente importante para a economia do
26 Estado. Ressaltou que o setor somente será forte com todos os elos da cadeia
27 unidos. Certamente hoje o arroz passa por dificuldades em função de preços e
28 custos, com vários problemas estruturais que ao longo dos anos foram se
29 agravando. Então a Câmara foi reativada no momento certo. É o momento de
30 discussão dos problemas, de tomada de decisões e execução de políticas
31 públicas que possam fortalecer a cadeia produtiva do arroz. Luiz Fernando
32 Mainardi – Secretário da Agricultura, Pecuária e Agronegócios – Sua
33 manifestação se deu no sentido de que o momento vivido pelo setor arrozeiro é
34 extremamente preocupante, quando se tem uma altíssima produção e preços
35 muito baixos. A tentativa é trabalhar uma proposta que reestruture a atividade. Os
36 GTs definiram pontos a serem desenvolvidos que deverão possibilitar a
37 apresentação de uma pauta que impacte o custo de produção. Encontrar uma
38 solução estrutural, diminuir os custos de produção e com isso fazer com que a
39 produção do Estado possa ser comercializada fora do Brasil. César Marques
40 Pereira – Chefe de Gabinete do IRGA – Procedeu a leitura dos Grupos de
41 Trabalho e sugeriu que as Entidades que se acham preparadas para integrar
42 algum Grupo façam uma solicitação por escrito à Secretaria da Agricultura. -GT1 -
43 Programa Alternativas para Usos Múltiplos do Arroz e Incremento na Pesquisa de
44 Outras Culturas para Terras Baixas – EMATER, EMBRAPA, FEPAGRO, IRGA,
2
UFRGS, UERGS, UFSM, UFPEL e UNIPAMPA. Participaram 45 como convidadas no
46 GT1 a FEDERARROZ e a FEARROZ.
47 Encaminhamentos: 1)Incremento na pesquisa e adoção de mecanismos visando a
48 adoção de tecnologias a serem utilizadas em situações específicas em que haja
49 possibilidade de implantação de transição do cultivo tradicional para o arroz agro50
ecológico. Justificativa: o arroz agro-ecológico está com uma grande demanda no
51 mercado interno e externo. Temos um grande potencial de conversão do sistema
52 de produção com agro-químicos por sistemas de produção orgânica, baixando os
53 custos de produção e preservando o meio-ambiente. 2)Integrar, sistematizar e
54 encaminhar os conhecimentos dos processos de produção conjuntamente,
55 visando a pesquisa com alternativas de outras culturas para terras baixas.
56 Integração entre IRGA, EMBRAPA, FEPAGRO e Universidades. Essa integração
57 consiste em sumarização simples e direta das informações geradas pelas
58 Instituições parceiras, melhoramento de cultivares de soja para adaptação ao
59 ambiente de várzea, práticas de manejo para melhor desempenho de cultivares de
60 soja na várzea, desempenho agronômico em área de várzea de espécies
61 leguminosas para cobertura do solo no verão e seus efeitos na cultura do arroz
62 irrigado cultivado em rotação, integração da lavoura de arroz e pecuária, manejo
63 integrado da lavoura do arroz, condução de rede de ensaios regionais.Justificativa:
64 Os solos de várzea da região produtora de arroz da Zona Sul, em cerca de um
65 terço de sua extensão, apresentam amplas possibilidades de plantio de soja com
66 plena expectativa de sucesso, já amparados pelo zoneamento agrícola e com
67 tecnologia conhecida, havendo necessidade de fomento e aproveitamento da
68 facilidade de irrigação das áreas de várzea para outros cultivos, ou pastagens.
69 3)Direcionar a pesquisa para rentabilidade e sustentabilidade dos sistemas
70 integrados de produção. O uso eficiente e o monitoramento dos recursos naturais,
71 programas de incentivo à produção mais limpa ou sustentável, preparar
72 extensionistas do IRGA e EMATER para desenvolver técnicas de administração
73 junto aos produtores visando a sustentabilidade da renda dos mesmos,
74 potencializar estudos referentes ao beneficiamento e comercialização de arroz de
75 forma associativista, desenvolver estudos para elucidar a relação existente entre o
76 preço do arroz em casca x preço do arroz beneficiado ensacado. Justificativa: A
77 pesquisa no decorrer dos anos conseguiu um vertiginoso aumento da
78 produtividade, no entanto carece estudos aprofundados quanto à visão de
79 mercado, ou da sustentabilidade da renda do produtor, devendo ter forte amparo
80 na multidisciplinariedade da ciência econômica da administração dos aspectos
81 sócio-ambientais. 4)Indicação de representante da FEARROZ para estabelecer
82 relacionamento dos órgãos de pesquisa com a indústria arrozeira, visando sua
83 integração na discussão sobre os usos alternativos do arroz. Ampliar as tratativas
84 com a indústria sobre as alternativas do uso do arroz, sugestão de reapresentação
85 do projeto de lei que trata da inclusão de percentual da farinha de arroz na
86 panificação, potencializar financiamento de máquinas que proporcionem novas
87 formas de aproveitamento do arroz. Justificativa: Participação de membro do GT
88 para estabelecer relacionamento com a agroindústria arrozeira é fundamental para
89 irmos na direção de uma nova agroindústria de alimentos com uma grande
3
variação de produtos a serem ofertados aos novos consumidores, 90 que a cada dia
91 almejam produtos mais sofisticados, de maior praticidade e facilidade de consumo.
92 5)Congregar indústria, comércio e representação de produtores para discutirem as
93 potencialidades do arroz, com estabelecimento de política setorial, campanha
94 educativa e publicitária, visando o aumento do consumo. Estimular a integração
95 dos elos da cadeia do arroz, potencializar as forças dos interesses da cadeia do
96 arroz e as políticas classista e governamental que possam proporcionar ganhos
97 para a cadeia do arroz, como leis com regras para importações e para alimentos
98 dos programas públicos. Justificativa: Estabelecer campanha educativa publicitária
99 vinculando o aumento do consumo do arroz com a qualidade de vida e saúde.
100 Após a apresentação dos encaminhamentos ao participantes fizeram suas
101 manifestações como vai ser relatado a seguir. José Nei Telesca Barbosa:Com
102 relação ao arrendamento, aspecto que foi abordado na primeira reunião, na
103 segunda não foi tratado, não consta nesse estudo e foi mencionado pelo
104 secretário. Hoje o sistema de arrendamento foi modificado, visto que quarenta por
105 cento dos produtores que pagam vinte e cinco por cento, pela terra e água, já
106 saem, por ocasião do plantio, sabendo que vão chegar ¨no vermelho¨ na colheita e
107 comercialização. Então talvez este seja o principal problema da lavoura de arroz,
108 hoje. E como o arrendamento é um sistema de safra, não é porteira fechada,
109 impede todos esses usos alternativos da área de arroz para outros cultivos e
110 outras criações. Tem que constar na Comissão. Francisco Schardong – FARSUL
111 – Com relação ao zoneamento agrícola. Tem áreas no Estado que são aptas a
112 soja e não estão contempladas no zoneamento agrícola, portanto não tem
113 financiamento no Banco. Este aspecto é importante.Renato Rocha –
114 FEDERARROZ – Sugeriu, para solucionar a questão dos excedentes, direcionar a
115 pesquisa para a produção de biocombustivel a partir do arroz, e também o
116 desenvolvimento de pesquisas de variedades para o consumo animal. Importante
117 colocar neste GT e que o Governo tome isto como uma política publica. Carlos
118 Fagundes – Pesquisador IRGA – Sugeriu a exclusão da palavra ¨alternativos¨, no
119 item 4, onde descreve ¨indicações de representantes da FEARROZ para
120 estabelecer relacionamento de órgãos de pesquisa com a industria arrozeira,
121 visando a integração e discussão sobre os usos alternativos do arroz¨, tendo em
122 vista a palavra não ter muito propósito nesse contexto, visto que o arroz pode ser
123 matéria prima para diversos produtos. -GT2 – Comércio do Arroz no Mercosul e
124 Mercado Mundial – ABIAP, FARSUL, FEDERARROZ, IRGA, SAINDAPEL e
125 SINDARROZ. Contexto: Desde a criação do MERCOSUL, em virtude da ausência
126 de restrições comerciais intra-bloco, o mercado de arroz brasileiro é implementado
127 por importações advindas principalmente do Uruguai e da Argentina. E, da safra
128 1990/91 até a safra 2009/10, Argentina e Uruguai aumentaram sua produção em
129 136% e 121%, respectivamente, enquanto o consumo não aumentou nem em
130 50%. O Brasil recentemente passou a produzir excedentes de arroz, acirrando a
131 competição com o produto importado no mercado interno. A cadeia orizícola
132 gaúcha vem sofrendo sérios problemas para manter sua atividade de forma
133 rentável: - Problemas atuais de comercialização – preço médio de mercado para
134 arroz em casca T1, 58 x 10, abaixo do preço mínimo de R$ 25,80, a saca de 50kg,
4
estipulado pelo Governo Federal. Os preços médios, desde o início 135 do período da
136 comercialização de safra 10/11, estão em média em R$ 20,66 / 50 kg. Vinte por
137 cento abaixo do preço mínimo e 30% abaixo do custo médio de produção
138 estimado pelo IRGA, base outubro/10.-Problemas estruturais – o custo de
139 produção do arroz gaúcho é 50% maior que o Uruguai. Para 2010 o custo de
140 produção do RS foi de U$ 2.253/ha, enquanto no Uruguai foi de U$ 1.480/ha. -
141 Altos custos logísticos – valorização do real frente ao dólar. Encaminhamentos de
142 curto prazo: 1) Criação de mecanismos para suavizar as assimetrias causadas
143 pela entrada de arroz dos países do MERCOSUL. Se não for possível, suspensão
144 provisória das importações de arroz, principalmente as originadas do MERCOSUL,
145 que representam 95% do total de importações do País. Justificativa: Foram citados
146 os artigos do tratado de Assunção que deu início ao MERCOSUL, para que a leis
147 de mercado sejam respeitadas nos países que o compõe. 2)Melhorar e aprimorar
148 questões dos editais de PEP: Manifestações: Antônio da Luz - Representante da
149 FARSUL e participante do GT2 – O Grupo decidiu separar os problemas. Primeiro.
150 Como amenizar os efeitos do baixo preço? Segundo. A questão estrutural do
151 arroz que na opinião do GT é onde reside o problema. Foram feitas algumas
152 proposições neste segundo item que não estão contempladas na apresentação,
153 mas que certamente serão apresentadas na próxima oportunidade. Foi combinado
154 que haveria um estudo, feito por alguma empresa contratada pelo IRGA, que
155 avaliasse com precisão as distorções tributárias que existem entre o Brasil e seus
156 principais concorrentes. Faz-se importante saber, legitimamente, através de uma
157 entidade neutra, isenta, que possa dar uma informação de credibilidade, e que
158 possa apontar quanto é pago de impostos diretos e indiretos sobre os custos de
159 produção e quanto pagam os concorrentes. Ou temos a mesma eficiência, a
160 mesma simetria tributária com os concorrentes, ou seguiremos fora do mercado,
161 como estamos hoje. Hoje estamos limitados ao mercado brasileiro. Ninguém quer
162 comprar o nosso arroz porque ele é caro. Temos que entender porque ele é caro.
163 E boa parte desse problema passa pelas questões tributárias. Outro estudo
164 necessário e que foi sugerido é o “quanto pagamos de logística”. Precisamos de
165 um especialista em logística que diga exatamente quanto pagamos de transporte
166 e quando queremos vender o arroz, principalmente quando queremos exportá-lo,
167 qual o custo para transportá-lo até um porto. Embora os problemas conjunturais
168 sejam emergenciais, imediatamente após a solução destes, devemos nos
169 concentrar nos problemas estruturais. Francisco Schardong - FARSUL – Sugeriu
170 a substituição do termo “suspensão provisória” por “suspensão temporária”.José
171 Nei Telesca Barbosa fala que outros fatores deverão ser estudados, e não
172 apenas a carga tributária, como vem sendo falada. Antônio da Luz - FARSUL –
173 Pode não ser somente tributo, mas pode ser. Precisamos justamente de um
174 estudo para que tenhamos certezas e não suposições.GT3 – Carga Tributária na
175 Cadeia do Arroz Contexto: A cadeia orizícola do RS vem perdendo
176 competitividade em função da guerra fiscal de ICMS presente no País. Elevada
177 carga tributária na cadeia do arroz – conforme estudos do ÍCONE, tributos
178 representam mais de 20% do saco de 50 kg de arroiz em casca e pelo menos
179 10% do valor do fardo de 30 kg.Encaminhamentos a curto prazo:1)Aumento do
5
crédito presumido para o arroz beneficiado de 3,5% para 8%, 180 por pelo menos 180
181 dias.Justificativa: A elevação do crédito presumido sobre o valor das aquisições de
182 arroz em casca de 3,5% para 8% proporciona uma diminuição da alíquota de
183 ICMS que incide sobre o arroz beneficiado que sai do Estado para 7%,
184 aumentando a competitividade do RS frente aos outros estados. 2)Redução de
185 58,33% do valor de ICMS recolhido sobre as saídas interestaduais do arroz em
186 casca, a partir da base de cálculo da alíquota, pauta de ICMS do arroz, por pelo
187 menos 180 dias. Justificativa: Para que a alíquota efetiva de ICMS sobre o arroz
188 em casca que sai do RS seja de 7% estimulando também a saída de arroz em
189 casca do Estado e minimizando o prejuízo dos produtores. 3)Pauta de ICMS do
190 arroz – atualização da pauta de ICMS do arroz em casca beneficiado para o valor
191 de mercado. Criação de um mecanismo sistemático de atualização da pauta.
192 Justificativa: As últimas alterações realizadas na pauta de ICMS não têm
193 acompanhado as oscilações de preços do mercado de arroz, uma vez que o valor
194 da pauta para arroz em casca, T1, é de R$ 26,40/sc50kg, e o preço médio
195 praticado no Estado chegou a R$ 19,26 no dia 15/04/2011. É necessário que as
196 atualizações ocorram de maneira sistemática, de forma a acompanhar o
197 dinamismo de preços do mercado para não prejudicar nem o contribuinte, nem o
198 erário público. 4) Isenção da Taxa CDO para arroz exportado – Projeto de Lei nº
199 236/2010 que está tramitando junto à Assembléia Legislativa.Justificativa: Em
200 função da necessidade de alavancar as exportações para aumentar a participação
201 do arroz brasileiro no mercado internacional e proporcionar o escoamento do
202 produto. André Barretto – CDO para exportação é velho. O IRGA poderia abrir
203 mão. Se o IRGA abrisse mão dessa Taxa para exportação ficaria muito mais fácil.
204 Não sei se o IRGA é obstáculo para que esse Projeto de Lei seja votado. Isso foi
205 uma bossalidade implantada. Não se justifica exportar imposto, nem taxa. O IRGA
206 teria um papel fantástico a desempenhar nesses novos tempos. Jairton Russo –
207 SINDAPEL – Com relação ao ICMS. São Paulo, 7%. Minas Gerais, zero. Bahia,
208 zero. Pernambuco e Mato Grosso, 2,85%. Santa Catarina está reduzindo para 3%.
209 São Paulo será “zero”. O ICMS do arroz que sai do Rio Grande para São Paulo sai
210 com doze. Doze por cento no arroz posto em São Paulo são R$ 4,80. Quatro reais
211 e oitenta centavos em relação ao arroz importado do mercosul que será “zero”.
212 Não tem competitividade, não tem eficiência. Acho que não é só isso, tem o
213 aspecto do custo de produção. Se não tivermos um zeramento emergencial, como
214 fizeram com o trigo e com o frango, até dar tempo de agirmos de outra forma, não
215 tem solução. Ou vamos produzir para vender arroz para o Governo, ou vamos
216 produzir para fazer algo em nível de exportação. O CDO reflete em quase nove
217 dólares por tonelada na exportação. São duas coisas que não precisam mais de
218 estudos. Está claro. Seria importante a presença do Secretário Mainardi e do
219 Presidente do IRGA para ouvirem isto. E não adianta crédito presumido, isso tem
220 que zerar. A indústria de arroz no Rio Grande não quer nada a menos do que os
221 outros, mas também não a mais. O nosso problema hoje se chama mercado. Jose
222 Nei Telesca Barbosa – A fala do Jairton trás o aspecto geral da indústria. Não
223 podemos mais discutir arroz somente para o almoço. Temos que discutir arroz
224 para outros momentos. O consumidor não quer mais somente encher barriga. Está
6
na hora de abrir os horizontes para outros produtos. Cláudio Fioreze 225 - Secretaria
226 da Agricultura – Relato do que já está sendo encaminhado enquanto Governo.
227 Com relação à questão do arrendamento está sendo elaborado um Programa,
228 com o nome provisório de “Mais Terras, Mais Alimentos”, que visa atender
229 demanda dos produtores de arroz que são arrendatários. Baseados no Censo do
230 IRGA de 2005-2006, em torno de sessenta por cento dos produtores de arroz são
231 arrendatários, e destes, quase cinqüenta por cento arrendam com até cinqüenta
232 hectares. Sobre o zoneamento agrícola, esse assunto realmente merece uma
233 ação e que poderá ser feita imediatamente. O Secretário semana que vem tem
234 agenda com o Ministro Wagner Rossi e o assunto já poderá entrar na pauta.
235 Sobre a produção de etanol e biocombustíveis e o desenvolvimento de pesquisas
236 para o uso animal, a Secretaria da Agricultura está contratando uma das maiores
237 autoridades em inovação tecnológica, Professor Dílson Besoim, da UFSM. Além
238 disso, ele mesmo coordena um Programa, financiado pelo MDA e pela
239 PETROBRAS, de desenvolvimento de tecnologia para biocombustíveis com vários
240 produtos. Com relação à Campanha Feijão com Arroz esclareceu que o foco é
241 educação alimentar, e não marketing. Com relação aos mecanismos de
242 comercialização acredita que também deverá ser pauta da ida do Secretário a
243 Brasília. Certificado de classificação deverá ser negociado com o MAPA e com as
244 entidades que realizam a classificação. Com relação à carga tributária entende
245 que o Estado do RS não pode continuar com uma carga maior que os outros
246 estados e que esta pauta deve ser levada à Secretaria da Fazenda. Cláudio
247 Pereira – IRGA – Devem ser trabalhadas as questões estruturais. O IRGA,
248 através da Câmara Setorial, com o apoio de todos os setores da cadeia produtiva,
249 poderá criar uma estrutura para fornecer a informação. Existem no Estado 256
250 indústrias de arroz, vinte delas beneficiam mais de 80%. Isto mostra a crise da
251 indústria, também. Porque as outras foram sendo excluídas e não houve uma
252 política pública que viesse a fortalecer a indústria do arroz no Estado do RS.
253 Assim como os arrozeiros. Estas questões devem ser refletidas. E deverá ser feito
254 um trabalho concreto que venha a fortalecer a cadeia produtiva de arroz do RS. É
255 um bom desafio de fortalecer a cadeia. Renato Rocha – FEDERARROZ –
256 Reforçou a necessidade de proceder o encaminhamento dos resultados o mais
257 rápido possível. E que este chegue ao Governo com a finalidade de serem
258 tomadas medidas que ajudem a reverter a crise do setor. Foi feita uma
259 apresentação dos fatos ocorridos nos últimos três anos com relação a AGF e PEP.
260 Francisco Schardong – FARSUL - Sugeriu uma mudança no regulamento do
261 PEP. Que este fosse permanente, e que no momento que passar de R$ 25,79
262 continue valendo. Convém que a Câmara Estadual reforce este pedido.
263 Proposição: Participação da CONAB na Câmara. Deliberação: Aprovada pela
264 maioria dos membros da Câmara. Finalizando, o material será encaminhado a
265 todos os participantes, aguardando possíveis contribuições. Também será
266 encaminhada Minuta de um Regimento Interno para a Câmara Estadual do Arroz,
267 também aguardando contribuições. Nada mais havendo a tratar foram encerrados
268 os trabalhos.

quinta-feira, 28 de abril de 2011

TRABALHO APRESENTADO À CÂMARA SETORIAL DO ARROZ RS

ESTUDO PARA ELABORAÇÃO DE UMA PROPOSTA DE UM PLANO DE AÇÃO PARA A QUESTÃO DO ARRENDAMENTO NA LAVOURA DE ARROZ IRRIGADO DO RS - GT1

Fonte IRGA: ARROZ IRRIGADO - Censo da lavoura de arroz irrigado no RS – Safra 2004/2005

Área plantada com ARROZ IRRIGADO no RS: 1.075.980 ha;

Nº Total de Lavouras: 9.032
Fronteira Oeste: 1.084
Campanha: 1.127
Zona Sul: 601
Planície Costeira Interna à Lagoa dos Patos: 1.371
Planície Costeira Externa à Lagoa dos Patos: 1.474
Depressão Central: 3.375 lavouras
Nº Total de pessoas envolvidas como proprietários/parceiros: 18.529
Nº Total de Produtores: 11.960
N° Total de Parceiros/Proprietários: 6.569
% de produtores que são arrendatários: 64,5%
% de produtores que são arrendadores/parceiros: 35,5%
% de área cultivada sob arrendamento ou parceria: 60,3%
% de área cultivada em terra própria: 39,7%
% de área irrigada com água arrendada: 39,7%
% de área irrigada com água própria: 60,3%
71,1% controlam os custos das lavouras apenas pelo desembolso;
28,9% controlam os custos totais da plantação;
28,4% das lavouras possuem armazenagem própria;
53,8% da produção possuem secagem própria;

I – ANÁLISE DOS DADOS:

1- No censo em referência não há menção ao custo desembolsado, individualmente, pelo pagamento do arrendamento da terra ou da água. Também, não há referência ao custo da terra e água quando estes dois fatores são utilizados sob arrendamento. Em pesquisa feita a alguns agentes de extensão da lavoura arrozeira, verificou-se que são praticados valores entre 20 e 35% quando usados terra e água, adotando-se para efeito dos cálculos a seguir, um valor médio de 25% (10% pela terra e 15% pela água).

2- O custo de 25% pela terra e água significa, numa primeira análise, que, dos 140 sacos/ha colhidos são repassados ao proprietário da terra e da água 35 sacos/ha. No entanto, como o negócio é feito sem a participação do proprietário nos custos de produção da lavoura, pode-se inferir que, juntamente com os 35 sacos/ha repassados no pagamento, estão indo juntos outros 70% na forma do custo de produção para serem produzidos os 35 sacos/ha. Então, na verdade, estão indo juntos com os 35 sacos/ha outros 24,50 sacos/ha ou 70% a mais, como custo para obtê-los, visto que o proprietário não participou com mais nada, além da terra e da água de irrigação. Isto tudo totaliza 59,5 sacos de arroz por hectare como pagamento do arrendamento, ou 42,5% da quantidade colhida (140 sacos) são pagos nesta rubrica.
Aos produtores de arroz que são onerados em 59,5 sacos/ha pelo pagamento do arrendamento da terra e da água, lhes sobram 80,5 sacos/ha para o pagamento do restante do custo de produção.
No custo de produção do IRGA publicado em sua página na internet, é atribuído um percentual de 8,61% para os itens terra e irrigação. Então, passarmos a atribuir o novo percentual de 42,5% teremos uma diferença de 33,69% menor. Aplicando-se os 33,69% sobre o custo do IRGA de R$29,01passaremos a ter um custo de R$39,84/saco (aos que pagam terra e água 35 sacos/ha ou 42,5%). Vejam então, nem com um preço mínimo de R$39,84/saco seria suficiente para viabilizar os produtores que pagam terra e água. Isto sem computar os custos dos investimentos que vencem a cada safra.
3 – Com base nos cálculos expostos no item 2 pode-se afirmar, sem margem de erro: - os produtores que pagam 25% da produção já saem, na ocasião do plantio, dependendo da ocorrência de preços altamente remuneradores para não chegarem no “vermelho” no final da safra.

4- Outra inferência importante que se pode fazer da interpretação dos dados do censo que aponta 60,3% de área cultivada sob arrendamento ou parceria e 39,7% da área irrigada com água arrendada é que: - no mínimo 39,7% da lavoura paga terra e água e pode estar inviabilizada pelos fatos apontados acima;

5- Os 35,5% de proprietários que arrendam suas terras para o plantio de arroz, são dependentes daquela renda e podem provocar uma anomalia no mercado, visto que, pela necessidade de fazer renda, quando recebem o pagamento, jogam o produto no mercado a qualquer preço, que podem derrubar a sua cotação, pois precisam fazer dinheiro, seja à R$25,80; R$20,00; ou, menos ainda.

6- Um grave desvirtuamento do processo é que a produção originada dos recebimentos dos valores do arrendamento (um contrato tipicamente privado) também é alcançada pelas políticas públicas de crédito para o plantio e comercialização, beneficiando-se dos incentivos oficiais e entravando os seus efeitos.

7- No caso da lavoura do arroz outros fatores podem impactar, mais ainda o elevado custo do arrendamento e agravar a situação do arrendatário (nos contratos em que algum dos itens relacionados também ocorrer):

- O arrendamento, normalmente, se dá apenas para o plantio da lavoura de arroz, não vigorando o sistema de entrega “porteira fechada”, por no mínimo três anos como prevê o Estatuto da Terra. Esta anomalia impede o arrendatário de obter outras rendas com outros cultivos ou criações; reduzir o custo de produção com o preparo antecipado da área (preparo de verão); semear a lavoura no período indicado no zoneamento agrícola pela ocorrência de chuvas ou entrega tardia da área a ser cultivada;

- Necessidade de arrendar outra área para o proprietário colocar seus animais, quando este for pecuarista;

- Necessidade de edificar cercas, construir arruamentos, canais, drenos etc.

II - SUGESTÕES PARA REDUÇÃO DE CUSTO DO ARRENDAMENTO:


1 - Redução no custo do arrendamento:

a-1) Custo do arrendamento da terra: 8 sc/ha;
a-2) Custo do arrendamento da água: 7 sc/ha;
a-3) Custo do arrendamento terra e água: 15 sc/ha;
a-4) Custo da terra e água bombeada na lavoura: 18 a 20 sacos/ha;

a) Os contratos de arrendamento deverão ter duração mínima de três anos e com o uso integral da área pelo arrendatário num sistema de “porteira fechada”, de modo a possibilitar-lhe a utilização da área com outros cultivos ou criações;

b) Impedimento/Ausência de outras exigências ou outros ônus como prestação de serviços na implantação de pastagens aos proprietários, cessão de outras áreas, construção de cercas etc, e se ocorrer, será feito mediante o pagamento do serviço realizado ou descontado do preço do arrendamento;


PROPOSTAS APRESENTADAS À CÂMARA SETORIAL DO ARROZ RS

PROPOSTAS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PLANO DE AÇÃO PARA À LAVOURA DE ARROZ – GT1

REDUÇÃO NO CUSTO DE PRODUÇÃO:

Redução no custo do arrendamento:

a-1) Custo do arrendamento da terra: 8 sc/ha;
a-2) Custo do arrendamento da água: 7 sc/ha;
a-3) Custo do arrendamento terra e água: 15 sc/ha;
a-4) Custo da terra e água bombeada na lavoura: 22 sacos/ha;

a) Os contratos de arrendamento deverão ter duração mínima de três anos e com o uso integral da área pelo arrendatário num sistema de “porteira fechada”, de modo a possibilitar-lhe a utilização da área com outros cultivos ou criações;

b) Impedimento/Ausência de outras exigências ou outros ônus como prestação de serviços na implantação de pastagens aos proprietários, cessão de outras áreas, construção de cercas etc, e se ocorrer, será feito mediante o pagamento do serviço realizado ou descontado do preço do arrendamento;

TREINAMENTOS EM GESTÃO FINANCEIRA:

2.1 Realização de treinamentos aos técnicos do IRGA, EMATER, profissionais autônomos, técnicos de empresas de assistência técnica em gestão financeira, análise de balanço, controle de custos, fluxos de caixa, comercialização, análise de investimentos, elaboração de Planos de Negócios, Educação Financeira, de modo que possam analisar com os produtores a análise econômica e financeira de seus negócios;
2.2 Incorporação do tema Gestão Financeira aos Projetos 10 do IRGA e MARCA da EMBRAPA RS;

NOVAS FORMAS DE COMERCIALIZAÇÃO:

Fixação diária do preço do arroz beneficiado pelo CEPEA/ESALQ, além do arroz em casca que já tem seu preço fixado diariamente;
Estímulo à realização de negócios com arroz beneficiado em fardo ou sacos de 60kg pela Bolsa de Mercadorias;
Estímulo ao produtor realizar o beneficiamento da produção própria e vende-la nessa nova modalidade (arroz já beneficiado, branco/polido);
Estimular os corretores das bolsas de mercadorias buscarem negócios para o arroz beneficiado, junto aos supermercados e atacados;
Estimular os engenhos e os produtores a estabelecerem preços diferenciados para as variedades mais nobres, para os tipos especiais e para as variedades de menor qualidade. Procederem a anotação na embalagem do nome da variedade comercializada, buscado uma diferenciação do preço de venda. Isto fará com que seja dado um tratamento especial e em separado na hora da recepção do arroz, diminuindo as queixas com as cultivares de maior produtividade, mas de menor qualidade de engenho;
O IRGA deverá estudar e divulgar, mensalmente, a renda do benefício e o rendimento de engenho das principais cultivares, atribuindo o preço final da soma dos produtos e derivados obtidos comparados ao preço de uma unidade de 50kg de arroz em casca.

ESTÍMULO À TRANSFORMAÇÃO DO ENGENHO DE ARROZ EM INDÚSTRIA DE ALIMENTOS

Fomentar junto aos atuais engenhos de arroz a transformação destes em agroindústria de alimentos, passando a ofertar uma grande variação de produtos aos novos consumidores, que a cada dia almejam produtos mais sofisticados, de maior praticidade e facilidade de consumo (cereais matinais, chips, biscoitos etc);
Estabelecer ações para buscar a presença da EMBRAPA Agroindústria na Zona da Produção para assessoramento da cadeia do arroz na busca de novos produtos e exercer o fomento para a sua concretização;
Aproveitar a oportunidade do câmbio sobrevalorizado para a importação de bens de capital para a implantação de linhas de produção dos novos produtos agroindustriais. Nesta situação pode ser divulgado à linha de financiamento do FINIMP – Financiamento á Importação;
Estimular os engenhos a estabelecer um Sistema de Produção sob Integração com parte dos produtores de arroz, como forma de atender às necessidades destes, garantir-lhes um preço acordado de forma pré-fixada e obter uma produção dirigida às suas necessidades agroindustriais;

5. OUTROS USOS PARA O ARROZ:
5.1. Adicionar 10 a 20% de farinha de arroz na farinha de trigo para o fabrico de pão;
5.2. Uso dos grãos quebrados para a ração animal;
5.3. Uso do arroz na linha PET;

ALTERNATIVAS DE PRODUÇÃO NOS SOLOS DE VÁRZEA:

5.1 Estimular o plantio das áreas de várzeas com soja, pastagens e sempre que possível verificar a possibilidade do uso da irrigação nos anos que se mostrar necessária o uso desta tecnologia;

6. ALTERNATIVAS DE NEGÓCIOS PARA OS ATUAIS PRODUTORES DE ARROZ:

6.1 Fomentar iniciativas de investidores em outros negócios relacionados à atividade arrozeira como prestadores de serviços em secagem, armazenagem, plantio, colheita, beneficiamento na zona de produção;
6.2 Estimular os produtores a produzirem arrozes diferenciados, implementarem sistemas de beneficiamento e aproveitarem os nichos de mercado.

domingo, 10 de abril de 2011

Alta carga tributária ou elevada margem de lucro ?

São uníssonos na mídia brasileira os que vociferam contra a alta carga tributária, que incide sobre os produtos e serviços transacionados no comércio interno. Muitos só repetem o que ouvem, sem saber exatamente sobre o que estão falando, mas seguem numa corrente unidirecional.

A nossa formação agronômica, em ciências jurídico-sociais e em agronegócios, tão somente não nos dá elementos suficientes para entestar um confronto direto nesta luta “quixotesca” de tentar desmistificar esta afirmação, que consideramos parcial e destinada a atender alguns poucos “interésses”. Contamos também com a nossa vivência prática de quase dois milhões de quilômetros rodados pelo interior do Brasil, analisando e conversando com pessoas de todas as ocupações. A função de produtor rural de fim-de-semana e a experiência, por três anos, de empresário de loja de 1,99, aos moldes de nossa Presidenta, como foi alardeado na recente campanha eleitoral.

Antes de apontar casos concretos que vivenciamos em nossas andanças, estudamos alguns textos de especialistas na questão tributária, que concluem sobre a incidência de um valor médio de 34% sobre a maioria dos produtos. Sendo que este índice varia para mais em produtos supérfluos como bebidas e cigarros e para menos nos produtos essenciais.

Vamos aos casos que embasam a nossa assertiva:

1) Em nossa experiência comercial de “tudo por 1,99”, na maioria dos itens das prateleiras, tínhamos que, ao comercializar o produto em seu preço único obtínhamos um lucro de 40%. Comparando, uma mesma jarra de vidro, que vendíamos a R$1,99 era vendida no supermercado a R$8,00 ou, um porta-retrato de madeira e vidro vendido em nossa loja, era comercializado num bazar por R$13,00. Ressaltamos que, em nosso ponto comercial de apenas 21m2 afluíam, diariamente, mais de 200 clientes e nas datas de maior apelo comercial, mais que quintuplicavam as vendas.

2) Lá pelo ano de 1998 em uma exposição agrícola organizada pelo serviço de extensão rural estava exposto à venda um trator fabricado na Polônia de 50 HP ao preço de R$8.000,00. Ao seu lado estava uma semeadeira de plantio direto de apenas quatro linhas, de fabricação nacional, oferecida ao preço de R$7.000,00 – incomparável na relação custo/tecnologia/produto.

3) Outro dia pensamos em trocar a nossa velha roçadeira de 1,40m de largura e encontramos no mercado preços médios de R$ 5.000,00. No mesmo período, verificamos que dois aparelhos de TV, 42, LED, custavam R$ 4.600,00. Evidentemente, não compramos a roçadeira! Embora sem poder aprofundarmo-nos no tema, entendemos que, mais uma vez, não há termo de comparação sob os aspectos de tecnologia ou na análise dos componentes.

4) Ainda como pecuarista, fomos comprar arame liso para cerca, dentro do limite permitido pela cota de importação e verificamos que o mesmo rolo de 1.200m, no Brasil custa R$380,00 e no país vizinho do Uruguai custa R$150,00. Vejam, nem com 100% de carga tributária os preços seriam equivalentes e lá também já vendem com o devido lucro embutido!

5) Outros exemplos poderiam ser citados, como maquinários para o beneficiamento de arroz e outras finalidades agroindustriais, que chegam ao país por cerca de 40% do similar nacional. Ou, em outras épocas, um herbicida para a cana-de-açúcar em Minas Gerais custava R$20,00/kg e no RS o mesmo produto era vendido para o arroz irrigado a 60,00/kg.

Na época de nossa loja de R$1,99, verificamos que a indústria e o comércio nacional rearranjaram os custos, mudaram suas estratégias comerciais e o preço dos produtos sofreu forte redução. Do mesmo modo, mostra-se necessário a redução das margens elevadas de lucro nos equipamentos e insumos agrícolas para que a carga tributária não sirva como desculpa para esconder a alta margem de lucro.

Nas zonas próximas à região da fronteira, já estamos vendo os preços dos produtos da linha branca (splits, ventiladores), reduzindo suas margens de lucro diante da forte concorrência que estão enfrentando.

Pedimos, como “prova emprestada” o texto publicado na coluna Espeto Corrido do Jornalista José Ricardo Castro, no Diário Popular, de 27.02.2011: - “Ganância – O Espeto precisou comprar, sexta, luvas de látex. Em uma farmácia, 50 unidades, tamanho médio, R$28,00. Em outra, pouco mais adiante, 20 unidades, R$ 6,00. Quer dizer, 50 sairiam, nesta farmácia, R$15,00. Produto da mesma marca. Sem comentários.”

Por fim e por justiça, mencionamos que encontramos a mesma reclamação sobre o tema que estamos abordando, de parte dos aficcionados em produtos eletrônicos, que reclamam em seus grupos de discussão na internet sobre as margens elevadas praticadas no comércio nacional em comparação aos importados.

Com a redução de suas margens de lucro, o comércio nacional poderia vender muito mais e as indústrias produzirem mais e gerarem mais empregos. É o que pensamos!