domingo, 27 de janeiro de 2008

UM PASSO À FRENTE NA COMERCIALIZAÇÃO DO ARROZ

UM PASSO À FRENTE NA COMERCIALIZAÇÃO DO ARROZ

José Nei Telesca Barbosa
Engº Agrº, Advogado, MBA em Agronegócios

(Artigo publicado no Jornal Gazeta Mercantil, Caderno RS, em 13.11.2000)

À cerca de dois anos vem reunindo-se os produtores de arroz ligados a Sala Sul Agronegócios do Banco do Brasil de Pelotas para discutir a problemática da lavoura orizícola.
Como um Norte para estudar os problemas estabeleceu-se um consenso sobre a necessidade de aumentar a rentabilidade e reduzir os custos de produção dentro do quadro difícil, imposto pelas importações dos países do MERCOSUL, pelo avanço tecnológico obtido com a cultura no Brasil Central e pelos elevados custos internos da lavoura, aí incluídos o arrendamento, monocultura, alto valor imobilizado e dificuldades na comercialização.
Quanto ao aspecto da comercialização levantou-se inicialmente a hipótese “da entrega do arroz a depósito”, em que o engenho por ter recebido grande quantidade de arroz dos produtores para a realização da secagem e armazenagem, sai do mercado de compra, obtendo um capital de giro sem custos, permanecendo comprando apenas daqueles que precisam urgentemente de fazer algum dinheiro.
Dentro dessa premissa, passou-se a estudar saídas como a armazenagem própria ou terceirizada, chegando-se por que não a uma assertiva que pareceu factível – a venda do arroz beneficiado.
Esta nova situação impõe ao produtor um novo paradigma, ou seja: ao invés de vender arroz em casca para o engenho, passar a vender o arroz beneficiado para o supermercado, dando um passo à frente na cadeia, mediante o pagamento desse serviço a um beneficiador. Isto faria com que o engenho retornasse a ganhar no beneficiamento e não na compra e venda do produto como se dá hoje.
Para ilustrar melhor esta hipótese, foi traçado um paralelo com o que ocorria com o milho no passado, em que o produtor vendia milho em espigas e que passou a vender em grãos, mediante o pagamento de trilhadeira de terceiros. Assim, procurou-se comparar que a venda do arroz em casca é semelhante ao que se dava com a venda do milho em espigas. Evoluindo mais no raciocínio, poderá dizer-se que o beneficiamento seria ainda uma fase da produção e não da industrialização, haja vista que não exige tanta sofisticação na operação, passando a indústria a dedicar-se a produzir comidas pré-prontas, biscoitos, chips etc., à base de arroz.
O primeiro passo para comercializar o arroz beneficiado exigiu o estudo dos custos do beneficiamento e dos impostos a serem pagos até o produto chegar ao varejista, que até então, significava uma caixa-preta para os produtores. Este estudo chegou a conclusão que, aos preços de hoje, com o pagamento de cerca de 8% ao beneficiador (R$0,80/sc mais o farelo), ainda sobra outros 10% ao produtor (grãos inteiros, canjicão e quirela), permanecendo competitivo o seu preço final.
A venda do arroz beneficiado diretamente pelo produtor, exige a existência de um prestador de serviço com qualidade e a organização dos produtores para se ter os atributos exigidos pelo mercado - qualidade, quantidade e regularidade de oferta e, por fim, um sistema que aproxime o supermercadista do produtor.
O lançamento do Balcão Eletrônico pelo Banco do Brasil S/A, através do site www. agronegócios-e, proporcionou a aproximação que faltava entre a ponta da produção e a ponta do consumo, garantindo a realização dos negócios com a segurança do recebimento do pagamento pelo produtor e a da qualidade do produto adquirido pelo comprador.
Este passo à frente da cadeia da produção poderá se dar com outros produtos como o feijão, pêssego, milho etc. No entanto, para que este passo à frente seja dado, exige a tomada de uma nova atitude pelos produtores, não bastando achar boa a idéia aqui exposta, pois como técnico, a nossa parte já foi feita dando a idéia e os caminhos a serem seguidos - devem simplesmente, colocá-la em prática.

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabéns pelo trabalho!
As questões levantadas apontam um caminho de soluções viáveis e modernas para antigos problemas na produção.