A IMOBILIZAÇÃODE CAPITAL COMO FATOR DE INSALUBRIDADE FINANCEIRA DAS EMPRESAS AGROPECUÁRIAS DA ZONA SUL DO RS
Artigo não publicado, escrito em 1999, como tarefa da disciplina de Análise Financeira do curso MBA Agronegócios da UFRGS/UFPel.
Ao longo do tempo os empresários da atividade agropecuária da Zona Sul do Rio Grande do Sul, carregam consigo a visão patrimonialista, ou seja, a tendência de imobilizar o lucro auferido no decorrer do exercício financeiro, ou até antes mesmo da sua realização, em investimentos fixos. Estes investimentos se dão, em sua maioria, na aquisição de bens imóveis, como terras, apartamentos, armazéns, ou bens móveis, como carros, camionetes, máquinas agrícolas etc.
O crescimento desmedido do ativo permanente das empresas resulta, em conseqüência, na diminuição do ativo circulante e, também, muitas vezes, no aumento significativo do passivo circulante, pois os recursos para as imobilizações, são oriundos do caixa ou do desvio de finalidade do empréstimo de capital de giro, proveniente do custeio agrícola, exigível em curto prazo.
A análise financeira deste tipo de gestão empresarial permite verificar a ocorrência da constante dependência de capital externo oneroso, suprido, muitas vezes, às taxas mais altas do mercado financeiro, para o financiamento dos déficits de caixa, como o dos cheques especiais ou da aquisição de insumos com prazo de pagamento por ocasião da colheita. Este último sistema de financiamento, recentemente foi atingido duramente pela variação cambial, que embora já fosse previsível, não houve forma do empresário com este tipo de visão, obter outra fonte de recursos. Tem-se, ainda, que a imobilização nestes investimentos fixos, gera a necessidade de mais capital de giro para custear as novas despesas decorrentes dos próprios bens que estão sendo adquiridos. Resumindo, há o aumento da necessidade de capital de giro para custear as despesas com as atividades já existentes e para as novas áreas ou bens que estão sendo incorporados ao processo produtivo.
A mera aplicação em bens imóveis também acarretará a diminuição de recursos para o investimento em novas tecnologias, que irão, com o passar do tempo, provocar a obsolescência dos sistemas de produção.
Esta visão patrimonialista, até há pouco, era corroborada por analistas financeiros, que enxergavam a solidez econômica das empresas pelo tamanho do seu ativo permanente, confrontando frontalmente, com o que se aprende, modernamente, qual seja, a saúde financeira da empresa está na razão direta do seu CAIXA e do seu LUCRO.
O Governo Federal instituiu recentemente, um programa para revitalizar o setor agropecuário, o PESA – Programa Especial de Saneamento de Ativos, que consiste, basicamente, no refinanciamento do passivo circulante das empresas agropecuárias, mediante a compra de um título no valor de 10% do saldo devedor, pago à vista, mais encargos financeiros de 8% a.a., calculado sobre o saldo devedor corrigido pelo IGPM, com um prazo de 20 anos. Para a maioria das empresas, esta proposta de solução, ainda assim, não deverá resolver o problema, podendo-se dizer mais, mantendo-se a visão imobilizadora de capital referida “ab initio” do texto, mesmo que fosse perdoada a dívida não resultaria em vida longa para estas empresas. Isto porque, terá que ser rompido tal conceito, partindo o empresário para o enxugamento do seu ativo permanente, de modo a colocá-lo em giro para produzir CAIXA. No entanto, a quebra deste paradigma, de forte tradição cultural, ainda está longe, pois há na região, a visão que, “quem está adquirindo patrimônio, está bem, e quem está vendendo, está mal”.
Além da quebra do paradigma, há a necessidade de profissionalização da atividade, através da contratação de bons gestores financeiros, gestores de produção e do ingresso de sócios capitalizados. Este modelo, ora preconizado, poderá ser encontrado mediante a fusão de empresas agropecuárias já existentes ou da parceria com segmentos da agroindústria ou das próprias redes atacadistas ou de distribuição de alimentos.
Artigo não publicado, escrito em 1999, como tarefa da disciplina de Análise Financeira do curso MBA Agronegócios da UFRGS/UFPel.
Ao longo do tempo os empresários da atividade agropecuária da Zona Sul do Rio Grande do Sul, carregam consigo a visão patrimonialista, ou seja, a tendência de imobilizar o lucro auferido no decorrer do exercício financeiro, ou até antes mesmo da sua realização, em investimentos fixos. Estes investimentos se dão, em sua maioria, na aquisição de bens imóveis, como terras, apartamentos, armazéns, ou bens móveis, como carros, camionetes, máquinas agrícolas etc.
O crescimento desmedido do ativo permanente das empresas resulta, em conseqüência, na diminuição do ativo circulante e, também, muitas vezes, no aumento significativo do passivo circulante, pois os recursos para as imobilizações, são oriundos do caixa ou do desvio de finalidade do empréstimo de capital de giro, proveniente do custeio agrícola, exigível em curto prazo.
A análise financeira deste tipo de gestão empresarial permite verificar a ocorrência da constante dependência de capital externo oneroso, suprido, muitas vezes, às taxas mais altas do mercado financeiro, para o financiamento dos déficits de caixa, como o dos cheques especiais ou da aquisição de insumos com prazo de pagamento por ocasião da colheita. Este último sistema de financiamento, recentemente foi atingido duramente pela variação cambial, que embora já fosse previsível, não houve forma do empresário com este tipo de visão, obter outra fonte de recursos. Tem-se, ainda, que a imobilização nestes investimentos fixos, gera a necessidade de mais capital de giro para custear as novas despesas decorrentes dos próprios bens que estão sendo adquiridos. Resumindo, há o aumento da necessidade de capital de giro para custear as despesas com as atividades já existentes e para as novas áreas ou bens que estão sendo incorporados ao processo produtivo.
A mera aplicação em bens imóveis também acarretará a diminuição de recursos para o investimento em novas tecnologias, que irão, com o passar do tempo, provocar a obsolescência dos sistemas de produção.
Esta visão patrimonialista, até há pouco, era corroborada por analistas financeiros, que enxergavam a solidez econômica das empresas pelo tamanho do seu ativo permanente, confrontando frontalmente, com o que se aprende, modernamente, qual seja, a saúde financeira da empresa está na razão direta do seu CAIXA e do seu LUCRO.
O Governo Federal instituiu recentemente, um programa para revitalizar o setor agropecuário, o PESA – Programa Especial de Saneamento de Ativos, que consiste, basicamente, no refinanciamento do passivo circulante das empresas agropecuárias, mediante a compra de um título no valor de 10% do saldo devedor, pago à vista, mais encargos financeiros de 8% a.a., calculado sobre o saldo devedor corrigido pelo IGPM, com um prazo de 20 anos. Para a maioria das empresas, esta proposta de solução, ainda assim, não deverá resolver o problema, podendo-se dizer mais, mantendo-se a visão imobilizadora de capital referida “ab initio” do texto, mesmo que fosse perdoada a dívida não resultaria em vida longa para estas empresas. Isto porque, terá que ser rompido tal conceito, partindo o empresário para o enxugamento do seu ativo permanente, de modo a colocá-lo em giro para produzir CAIXA. No entanto, a quebra deste paradigma, de forte tradição cultural, ainda está longe, pois há na região, a visão que, “quem está adquirindo patrimônio, está bem, e quem está vendendo, está mal”.
Além da quebra do paradigma, há a necessidade de profissionalização da atividade, através da contratação de bons gestores financeiros, gestores de produção e do ingresso de sócios capitalizados. Este modelo, ora preconizado, poderá ser encontrado mediante a fusão de empresas agropecuárias já existentes ou da parceria com segmentos da agroindústria ou das próprias redes atacadistas ou de distribuição de alimentos.
Um comentário:
Parabéns José Nei, muito bem feito o teu blog, gostei,
Sandro Dornelles
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