A
evolução do espaço rural da agricultura familiar da região sul do Brasil é
inequívoca. Há a presença da energia elétrica em, praticamente, 100% dos
estabelecimentos. O elevado índice de mecanização agrícola na condução dos
cultivos reduziu a rudeza do trabalho e liberou parte da mão-de-obra e do seu tempo
para o exercício de outras atividades.
Convive hoje, o agricultor familiar
ainda com suas atividades relacionadas à terra, mas também com oficinas
mecânicas, serrarias, pequenos matadouros, armazéns etc.
Esta nova conformação trouxe também
a evolução da renda agropecuária e o
ingresso de outras fontes de recursos, seja pelos ganhos de produtividade, pelo
desenvolvimento de outras atividades, ou ainda, pelo acesso a aposentadoria
rural e a outras políticas compensatórias.
Na pesquisa “Caracterização do Novo
Rural” dos professores José Graziano da Silva e Rodolfo Hoffmann, do Núcleo de
Estudos Agrícolas do Instituto de Economia da Universidade de Campinas, citada
na Edição Impressa 52 – Abril de 2000, da FAPESP Pesquisa On Line, em artigo de
Cláudia Izique, é enfatizada a necessidade do PRONAF- Programa Nacional de
Fortalecimento Agricultura Familiar
apoiar as famílias pluriativas, ou seja, que combinam atividades agrícolas e
não agrícolas.
Não obstante o elevado valor da
pesquisa mencionada, o tema já fazia parte em nossas prosas na roda do
chimarrão ao redor do fogo com o nosso pai, que observava em suas tropeadas, o
que já ocorria no interior do município de São Lourenço do Sul-RS. Ali havia
oficinas de ferreiros, fábricas de cepas de tamancos, barbearias e que isto
ainda não existia em nosso município de Canguçu-RS.
Hoje as possibilidades se
descortinaram com a presença dos novos maquinários e equipamentos agrícolas,
automóveis, motocicletas, eletrodomésticos, que permitem o estabelecimento da
oferta de serviços para o conserto destes bens em tempo integral ou
parcial. Também, se observa a presença
de caixeiros-viajantes, oriundos da sede do município trazendo mantimentos,
frutas, pães, bolos etc, indicando que há possibilidade dos moradores locais dedicarem-se
a estas atividades comerciais e de serviços.
A existência de festas de comunidades, casamentos e formaturas cada vez
mais frequentes e requintadas, já possibilita a presença de institutos de
beleza para que a mulher rural não necessite
mais ir à cidade arrumar-se e depois retornar ao interior para atender o
seu compromisso social.
Nos anos 80, já se observava no
município de Nova Petrópolis-RS, na Rota das Hortências, a existência de
produtores de leite, que manejavam seus animais e de quando em vez, ao parar um
automóvel as margens da rodovia, largavam a sua atividade e corriam em sua
malharia para vender um blusão, retornando à sua ocupação anterior logo em
seguida.
A percepção destas possibilidades e
as atitudes necessárias para a sua viabilização passam por mudanças de
conceitos do agricultor familiar e da sociedade urbana que com ele interage. Ao
agricultor ainda lhe é impingido que não pode comprar nada e que tenha que
plantar e criar de tudo, porco, frango, horta etc. Ao
morador da cidade tudo é permitido comprar, pois pode ir ao supermercado
abastecer-se e sentar-se à frente da televisão para consumir o que bem lhe aprouver.
Esta combinação de atividades
agrícolas e não agrícolas além de ampliar a renda familiar, irá absorver
aqueles jovens que possuem outras vocações, que não somente a atividade agropecuária,
além de propiciar a sua independência financeira.
Nos últimos planos de safra da
agricultura familiar, ficou mais clara a possibilidade do financiamento destes
investimentos (oficinas mecânicas, borracharia, serrarias, salão de beleza,
padarias etc) através do PRONAF.
O agricultor familiar possuindo a sua
carta de aptidão de enquadramento no PRONAF pode ele, ou ela, investir em
atividades agropecuárias ou não-agropecuárias, para a implantação, ampliação ou
modernização da estrutura de produção, beneficiamento, industrialização e de
serviços no estabelecimento rural ou em áreas comunitárias rurais próximas,
de acordo com projetos específicos (MCR 10-5-4).
Esta oportunidade de negócios, que
traz mais renda e progresso ao interior poderá ser financiada pelo PRONAF em
dez anos de prazo com até cinco anos de carência. Compartilhe esta informação!
Um comentário:
Prezado José Nei
Gostei do texto, como sempre com inovação de idéias a disposição dos empreendedores. Afora os postos médicos, dentários e outros já existentes, porque não Lojas de roupas, pequenos magazines, restaurantes típicos, locadoras de videos, salão de beleza, açougues, ferragens, lojas de pets, ateliers, loja de jornais, revistas, livraria etc. Tudo isto atrairia gente da cidade para passar o dia inteiro no interior, que achas? abraço
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