segunda-feira, 28 de junho de 2010

O preço do arroz vai subir?

O preço do arroz vai subir?


Esta foi a pergunta que nos foi feita de passagem, numa sinaleira de uma avenida da cidade. Tal pergunta foi muito interessante, pois nos obrigou, logo após, a fazer uma reflexão sobre o tema e que deu origem a este texto.
Como poderíamos fazer uma afirmação em qualquer direção quanto à suba, à baixa ou à manutenção do preço atual da saca de arroz? Até o momento não há qualquer fato novo que possa influir na possibilidade de modificação do preço atual, além de estarmos no período de uma safra há pouco colhida.
O preço em uma situação normal está sob a influência da chamada “forças de mercado”, ou seja, da atuação dos engenhos, dos distribuidores, dos produtores, dos consumidores, dos corretores das bolsas de mercadorias, das políticas governamentais de comercialização, das informações disponíveis sobre o resultado da safra e dos estoques de passagem e do balanço exportação versus importação.
No momento atual, convenhamos, a atuação das “forças de mercado” é muito pequena ou quase nula e está representada apenas pela atuação dos engenhos. As informações que se tem é que estes têm um bom estoque em seus depósitos e só estão adquirindo mais em situação que lhes seja bastante favorável. Os demais agentes permanecem observando na forma tradicional, o que não é suficiente para influir na movimentação do preço de mercado do arroz.
Apenas uma notícia que saiu na imprensa local, pareceu-nos muito interessante e que poderá ser o início da possibilidade dos produtores passarem a influenciar no mercado de arroz. Uma corretora de Pelotas com assento na Bolsa Brasileira de Mercadorias passou a oferecer arroz em casca em leilão privado e que logo após logrou apoio da entidade oficial dos produtores de arroz, em nota enviada à imprensa e assinada por seu presidente.
Para que esta ação possa ter um efeito forte no mercado, entendemos que a oferta de arroz deve ser do produto já beneficiado pelo produtor ou através de terceiros para possibilitar o acesso de atacadistas e supermercadistas do centro do país. O diferencial competitivo desta ação, saindo do mercado regional, não tem dúvida, será um marco divisório no mercado de arroz, nunca antes visto.
Esta possibilidade não é mais nenhum sonho, como muitos poderão dizer, pois já se têm produtores equipados com máquinas de beneficiamento, novas cooperativas prontas a entrar no mercado e terceiros com possibilidade de reunir uma expressiva produção capaz de influenciar na modificação positiva dos preços.
Outra ação que, modernamente, podemos mencionar e que tem força para influenciar no preço do arroz é a capacidade das agroindústrias de transformar a matéria prima em produtos de maior valor agregado e que os consumidores estejam dispostos a desembolsar um maior preço. Esta ação permite ao comprador pagar mais pela matéria-prima ou torná-la mais escassa e, por conseguinte, também com maior preço. Isto ainda é muito pequeno no mercado de arroz, mas que se deve encetar muito esforço e inteligência. Até hoje a nossa inteligência foi dedicada apenas ao aumento da produtividade e da produção, quando deveria ser direcionada também, ao consumo e a comercialização.
Um exemplo que deve ser enaltecido foi o lançamento na última edição da FENADOCE, por uma dinâmica empresa pelotense, de um aglomerado de casca de arroz ”tipo madeira”, de ótima aparência e alta resistência, como ficou comprovado pelo elevado trânsito das pessoas no dias úmidos em que se realizou a feira.
Agradecemos ao produtor que nos fez o questionamento e dizemos que para haver movimentação positiva no preço do arroz, de modo que ele saia do crônico problema de preços sempre abaixo do esperado pelos produtores, estes devem participar das ações que estão sendo estimuladas. Os produtores PODEM SIM, influenciar na movimentação do preço do arroz. As agroindústrias também devem ser estimuladas a ofertar novos produtos aos ávidos e exigentes consumidores, como barras de cereais, biscoitos, cereais matinais etc, explorando de modo mais qualificado o nosso grande mercado interno, de modo que possam repassar parte dos ganhos aos seus fornecedores.