terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

O ARROZ, AINDA NA ERA DO ENGENHO





Artigo publicado no jornal Diário da Manhã de Pelotas-RS e nos sites agropecuários www.sonoticias.com.br/agronoticias, em 15.10.2007; http://www.revistacultivar.com.br/, 19.11.2007; e, www.agrolink.com.br/colunistas, em 22.01.2008.


Há mais de sete anos, estamos divulgando aos quatro ventos, Brasil afora, em seminários agropecuários, palestras em universidades, em sítios da internet, na mídia escrita, televisiva e radiofonizada, a necessidade dos seculares engenhos de arroz passarem a atuar como indústria de alimentos.
A mudança preconizada, pressupõe a fabricação de outros produtos à base de arroz, como massas, biscoitos, “chips” e pães, sendo que nestes últimos, poderá conter até 30% de farinha de arroz, sem nenhuma modificação no aspecto ou sabor do tradicional “cacetinho” ou pão-de-padaria.
Recentemente, fomos surpreendidos com a notícia que o governo federal, quer reduzir os tributos na importação de trigo para a produção de farinha, para evitar o aumento da inflação, em face da escassez deste produto no mercado interno.
Além da remessa de divisas na importação de trigo, vemos a oportunidade, que está sendo desperdiçada pelos engenhos de arroz, em ocupar espaço no mercado, através da oferta de farinha de arroz para o fabrico do pão.
A não fabricação de farinha de arroz para suprir as necessidades do mercado, seja no pão ou para os demais produtos mencionados, demonstra a falta de competência tecnológica e comercial para atender a oportunidade que está aberta.
A maioria dos engenhos, por comodismo e falta de atitude empreendedora, deixa de buscar espaço no mercado, que está ávido por novos produtos, aumentando seus ganhos apenas para trás na cadeia de produção, isto é, mantém seus lucros com a redução do preço pago ao produtor.
A classe política, parlamentar e executiva, mesmo sabedora da situação vigente, tenta fazer leis que obrigam a adição de farinha de arroz no pão e a sua colocação na merenda escolar, como se o mercado funcionasse através de decretos.
Os poucos engenhos que estão assumindo a condição de indústria de alimentos, não mostram interesse em ocupar o espaço apontado, pois estão produzindo a farinha de arroz para ser veículo de complexos vitamínicos ou de cereais matinais, que resultam em produtos comerciais de alto valor agregado, não como seria no caso do pão, num produto de “consumo de massa”.
A adição de farinha de arroz ao pão, além da economia em divisas, seria fundamental para absorver até 30% da safra e alavancar o mercado do arroz, mantido hoje, às custas do aporte dos escassos recursos públicos.
O aumento da renda do produtor de arroz, somente virá, com o desenvolvimento de novos produtos para um consumidor cada vez mais “moderno”, precisando para isso, aos moldes do que ocorreu no setor de transportes de cargas, em que houve a incorporação dos novos conceitos de logística, os antigos engenhos adentrem na era da indústria de alimentação.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

AGRONEGÓCIOS - PRODUÇÃO DEVE SE ADEQUAR AOS NOVOS TEMPOS


AGRONEGÓCIOS – PRODUÇÃO DEVE SE ADEQUAR AOS NOVOS TEMPOS

Especialista defende que pêssego e arroz devem se adequar às modernas necessidades dos consumidores.
Entrevista concedida ao Jornalista Sérgio Turnes e publicada no semanário”Extra” de Pelotas-RS 06 a 12/08/06.

“Hoje em dia fazer pêssego em lata é como fabricar máquinas de escrever”. A provocativa afirmação é do Engenheiro Agrônomo e Advogado José Nei Telesca Barbosa, especialista em agronegócios. Ele defende, há algum tempo, que os principais produtos da região, como pêssego e arroz, devem se adequar aos tempos modernos. José Nei, que costuma realizar palestras sobre o tema e participar dos fóruns mais representativos do setor primário local, observa que todos os produtores devem, além de produzir, estar focados nas vendas e nas novas necessidades dos consumidores.
“A apresentação do pêssego não mudou”, aponta José Nei, lembrando que produtos como a cachaça do centro do país e o vinho de Caxias, que num passado recente eram muito primários, sem nenhum requinte ou sofisticação, hoje são artigos nobres e de exportação, devido exatamente ao progresso apresentado em termos de agregação de valor e embalagem.
Para o agrônomo, os consumidores podem não estar mais querendo a lata como forma de apresentação do pêssego. Ele diz que a praticidade, o conforto e a economia, são itens indispensáveis no mercado de hoje e que a antiga tecnologia de simplesmente colocar a fruta dentro da lata não atende mais ao consumidor moderno.
“Além disso temos a preocupação com a estética pessoal. A compota é um doce, que ajuda a elevar o peso”, observa. O suco da fruta seria uma opção à produção das tradicionais conservas, por ser um artigo muito mais prático de ser consumido. “Hoje em dia as crianças nem sabem descascar uma fruta. Temos de estar atento à realidade”.
José Nei frisa que, pela praticidade e até para não desperdiçar o alimento, os consumidores chegam a pagar um pouco mais por aquele produto que atenda às suas necessidades do momento. Ele recorda que uma pessoa sozinha não abrirá uma lata de compota de pêssego para seu exclusivo consumo.

Purê de pêssego:
Ao se deparar com um purê de maçã fabricado na Alemanha, o especialista questionou-se por que não produzir também o purê de pêssego. Foi em busca da receita e hoje é um defensor da iguaria, que pode ser feita em casa sem maiores dificuldades e poderia ser produzida em escala industrial, garante. “O purê pode ser consumido diretamente na forma de mussi ou usado em bolos, tortas ou receitas de carnes”, explica. O modo de fazer é simples: basta dar uma fervura rápida nos pedaços da fruta in natura, levá-los ao liquidificador e adicionar açúcar e farinha de maisena. Muitos já provaram e aprovaram, diz José Nei.

Massas de arroz:
O arroz é outro tradicional produto da região que, na análise do agrônomo, merece ter destinos novos e mais nobres que o simples saquinho do grão. Ele diz que a farinha do cereal pode ser usada na fabricação de biscoitos, bolachas, massas e por que não, salgadinhos tipo chips, tão apreciados pelas crianças.
“Não podemos ficar esperando que o governo apresente as soluções para as crises de cada setor”. Temos de vender os produtos e para tanto devemos nos relacionar melhor com os consumidores, ver o que eles estão querendo”, alerta.